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Temor

Após ataques do terror, cidade indiana de Mumbai passa a levar segurança a sério

Irmã de soldado indiano chora durante cerimonial em memória às vítimas dos atentados em Mumbai | Arko Datta / Reuters
Irmã de soldado indiano chora durante cerimonial em memória às vítimas dos atentados em Mumbai (Foto: Arko Datta / Reuters)

Hotéis e lojas de Mumbai estão instalando circuitos fechados de TV e outros aparelhos de segurança, enquanto policiais com coletes à prova de bala vigiam estações ferroviárias, ainda sob o impacto dos recentes ataques que mataram 195 pessoas no centro financeiro da Índia.

Os disparos em dois hotéis de luxo e em outros oito lugares da antiga Bombaim fizeram com que empresas e residências fossem atrás de mais proteção, porém a infra-estrutura de segurança da cidade está muito inadequada e precisa de uma reformulação urgente, segundo especialistas.

"As pessoas levam a segurança a sério depois que alguma coisa acontece", disse Pramoud Rao, presidente da ONG Associação do Fogo e da Segurança da Índia. "Do contrário, nós, indianos, tendemos a achar que Deus irá nos proteger."

A demanda por sistemas eletrônicos de segurança já havia disparado na Índia depois de outros atentados contra grandes cidades nos últimos anos. Mesmo assim, o total gasto anualmente com sistema eletrônicos de vigilância fica em apenas 18 bilhões de rúpias (US$ 360 milhões), segundo Rao.

A necessidade de vigilância é especialmente premente em lugares que têm sido alvos de ataques, como hotéis, locais de culto e estações de trem.

"A maioria das casas e escritórios atualmente tem apenas um guarda mal treinado no portão, a quem pagam US$ 50 por mês, e a maioria dos sistemas de segurança está focada em políticos e violações de tráfego", disse Rao.

Mas Mumbai, centro financeiro e tradicional destino de migrantes, é uma cidade de 18 milhões de habitantes, com um extenso litoral, o que torna sua proteção complicada, segundo o ex-chefe de polícia Julio Ribeiro. "Não é fácil - não se pode vigiar cada lugar."

Uma semana depois do início dos ataques, a segurança na cidade continua falha. Na principal estação ferroviária atacada na semana passada, os passageiros passam apressados por detectores de metal, mesmo quando a luz "stop" se acende. Policiais armados e com cães farejadores vistoriam superficialmente algumas bolsas.

Em outras estações, alguns policiais com coletes à prova de bala liam jornais ou tomavam chá durante o rush matinal. Nas ruas, a ostensiva presença policial já foi visivelmente reduzida.

Nos escritórios, seguranças particulares pedem identidade aos funcionários, e nos grandes hotéis, há detecção de metais em malas e veículos.

Ratan Tata, presidente do grupo Tata, que controla os hotéis da rede Taj (que teve um cinco-estrelas atacado), diz que a segurança no hotel já havia sido reforçada algumas semanas antes.

Mas um hóspede que ficou retido no hotel Trident Oberoi durante o cerco disse que havia notado falhas na segurança.

"Havia um detector de metais na entrada, e ninguém o monitorava. Metade das pessoas passava por fora dele", afirmou Anil Malhotra, que passou 40 horas retido no 27º andar, durante o incidente que levou à morte de 22 hóspedes e 10 funcionários do hotel.

O grupo Oberoi informou que o Trident reabrirá suas portas em 21 de dezembro.

Em comunicado divulgado pelas agências indianas, o grupo hoteleiro explicou que o Trident voltará a receber hóspedes "em cerca de três semanas".

"Quando o hotel reabrir, serão iniciadas medidas reforçadas para assegurar a segurança e a comodidade dos hóspedes e do pessoal", diz a nota, que acrescenta que o grupo pediu às forças de segurança locais que também ofereçam toda sua ajuda.

O hotel Trident-Oberoi é formado por dois imponentes edifícios e, por enquanto, apenas o primeiro poderá reabrir suas portas, enquanto o Oberoi, mais antigo e que ficou mais destruído pelos ataques, ainda não tem data de reabertura.

Segundo a direção, quatro hóspedes, 18 visitantes que jantavam em seus restaurantes e dez trabalhadores do hotel morreram durante o ataque terrorista ao complexo turístico. Com informações de Reuters e EFE.

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