A Turquia acusou um grupo ligado à inteligência síria de efetuar dois atentados com carros-bomba que mataram 46 pessoas em uma cidade de fronteira turca, e disse neste domingo (12) que é hora de o mundo agir contra o governo do presidente Bashar al-Assad.
Os dois carros-bomba, que explodiram em meio a ruas de compras lotadas em Reyhanli no sábado, elevaram temores de que a guerra civil da Síria esteja se espalhando para Estados vizinhos, apesar de renovados esforços diplomáticos para acabar com o conflito.
Damasco negou envolvimento, mas o ministro das Relações Exteriores turco Ahmet Davutoglu disse que os ataques se originaram de uma "antiga organização terrorista marxista" com ligação com a administração de Assad.
"É hora da comunidade internacional agir junta contra esse regime", disse ele em uma entrevista coletiva durante visita em Berlim.
O primeiro-ministro Tayyip Erdogan disse num discurso exibido pela televisão turca: "Nós não vamos perder nossas cabeças calmas, nós não vamos sair do senso comum, e nós não vamos cair na armadilha que eles estão tentando nos colocar."
Mas acrescentou: "Quem quer que faça da Turquia um alvo, cedo ou tarde pagará o preço."
Apesar das palavras duras, a Turquia parece relutante em trazer seu considerável poderio militar para o conflito.
O país tem dificuldades para lidar com mais de 300 mil refugiados, mas não está sozinho em temer os impactos da guerra da Síria, que está agitando o caldeirão de batalhas sectárias, religiosas e nacionalistas do Oriente Médio.
"Nós, como Jordânia, estamos recebendo centenas de milhares de sírios. Riscos à segurança de países vizinhos estão crescendo", disse Davutoglu.
Esforços
Os atentados ocorreram em meio a sinais de possível avanço na diplomacia para tentar acabar com a guerra, depois que Moscou e Washington anunciaram um esforço conjunto para colocar governo e rebeldes em uma conferência internacional.
Oficiais da coalizão de oposição da Síria, em crise desde que seu presidente renunciou em março, disseram que se reunirão em Istambul em 23 de maio para decidir se participarão da conferência.
Um grupo de oposição sírio disse que os dois anos de guerra civil no país deixaram pelo menos 82 mil mortos e 12.500 desaparecidos.
O ministro de Informação da Síria Omran Zubi, falando à televisão estatal, disse que a Turquia é responsável pelo derramamento de sangue na Síria por ajudar rebeldes liderados pela al Qaeda. Ele disse que Damasco não teve responsabilidade nos atentados de sábado.
"A Síria não fez e nunca fará atos como esse porque nossos valores não permitem isso. Ninguém tem o direito de lançar acusações infundadas", disse ele.
Autoridades prenderam nove pessoas, todos cidadãos turcos, incluindo o suposto responsável por planejar os ataques, disse o vice-primeiro-ministro turco Besir Atalay a repórteres.
O ministro do Interior Muammer Guler disse que os atentados --o pior incidente em solo turco desde o início da guerra síria-- foram de autoria de um grupo com ligação direta à agência de inteligência da síria.
Havia grande presença de policiais e exército no domingo em Reyhanli, onde forças de segurança isolavam os dois locais onde ocorreram às explosões e tratores removiam os destroços e cacos de vidro.
Era perceptível notável raiva contra os milhares de refugiados sírios na cidade, que tem se tornada uma base logística para rebeldes lutando contra Assad do outro lado da fronteira.
Na medida em que o conflito se prolonga, a população local tem se mostrado cada vez mais ressentida diante das pressões econômicas e violência trazida para suas portas.
"Não queremos mais os sírios aqui. Eles não podem ficar aqui. Eles não podem ficar depois disso", disse um professor em Reyhanli, que se identificou como Mustafa.
Famílias sírias permaneceram dentro de suas casas neste domingo, com medo de sair às ruas.
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