O presidente interino do Egito, Adly Mansur, se reúne neste sábado no Cairo com o chefe do Estado-Maior, Abdel Fattah al-Sisi, e com o ministro do Interior, Mohamed Ibrahim, para avaliar as medidas que serão tomadas após os confrontos violentos que deixaram mais de 30 mortos ontem.
A violência começou durante as manifestações de aliados da Irmandade Muçulmana, que pediam a volta do presidente deposto Mohamed Mursi, retirado do poder pelos militares na quarta (3). Houve confronto com as tropas no Cairo e nas cidades de Alexandria e Suez.
Segundo o Ministério da Saúde, maior número de mortes, 12, foi em Alexandria, onde manifestantes aliados e contrários a Mursi entraram em confronto. No Cairo, cinco pessoas morreram em frente ao quartel da Guarda Revolucionária, onde Mursi está preso.
Outras mil pessoas ficaram feridas. Na madrugada deste sábado, foi detido também o vice-líder da Irmandade Muçulmana, Khairat al-Shater, que tentou ser candidato a presidente no país no ano passado. Segundo a agência de notícias Mena, o presidente interino, o chefe militar e o ministro da Defesa se reuniram no palácio presidencial. Antes do encontro com as autoridades, ele se encontrou com lideranças políticas, exceto os membros do antigo governo, que decidiram boicotar as negociações.
Mansur esteve com o prêmio Nobel da Paz, Mohamed el-Baradei, principal negociador da oposição, o islâmico moderado Abdel Monein Abul Futuh, o líder do partido salafista Al Nur, Galal Morra, e três membros do Tamarrod, que iniciou os protestos que levaram à queda de Mursi.
Apesar de ter participado da reunião, o Al Nur emitiu uma nota discordando de algumas decisões tomadas por Mansur, dentre elas a intenção de emitir declarações constitucionais. A agremiação também acusa o interino de não incluir setores islâmicos nas negociações para o novo governo.
Tensão
Enquanto o governo interino se reunia com a chefia militar e as lideranças políticas, a situação era tensa nas ruas do Cairo. A capital egípcia passará por novos protestos convocados ontem pelo líder da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, pela reintegração de Mohamed Mursi.
Em vários locais havia barricadas e as ruas estavam cobertas de pedras e de pneus queimados, que davam uma ideia da violência ocorrida durante a noite. As forças de segurança estavam mobilizadas, com homens armados, em alguns cruzamentos e pontes sobre o rio Nilo.
A tensão ainda era perceptível nas imediações da universidade do Cairo, na margem ocidental do Nilo, onde a Irmandade Muçulmana levantou barricadas e prendeu retratos do presidente deposto. Na praça Tahrir, rivais de Mursi estavam armados com paus, como prevenção a ataques.
Na Península do Sinai, o cristão copta Mina Aboud Sharween foi morto por um homem armado enquanto andava pelo bairro de Masaeed, na cidade de El Arish. O ataque é mais um em meio a uma série de ações de islamitas em quatro pontos de controle militares na região.
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