Atrasos na apuração, denúncias de consumo de álcool durante o trabalho e problemas técnicos nas eleições legislativas lançaram uma sombra sobre o sistema eleitoral colombiano, a apenas dois meses do pleito presidencial.
Se por um lado a decisão judicial do mês passado que impediu Álvaro Uribe de disputar um terceiro mandato foi saudada como um sinal de maturidade democrática, por outro lado até o presidente admite preocupação com a imagem do país por causa da votação do fim de semana.
Quatro dias depois de irem às urnas, os colombianos ainda não sabem quem serão todos os seus congressistas, ou quem venceu a eleição primária do Partido Conservador, no mesmo dia.
A divulgação de resultados parciais foi suspensa em meio a denúncias de irregularidades, erros e falhas na transmissão de dados.
Uribe criticou o diretor do Registro Nacional e chefe da agência eleitoral do país, Carlos Ariel Sánchez, por não cumprir seus deveres, acusou autoridades eleitorais de beberem whisky na noite da eleição e alertou que não há salvaguardas para uma eleição presidencial transparente em maio.
"Com toda honestidade, sob estas condições, o registro não pode dar garantias para a eleição presidencial na Colômbia", disse Uribe na noite desta quarta-feira. "Temos de limpar isso, para ter um processo eleitoral no qual os colombianos possam confiar."
O Partido da U, de Uribe, e seus aliados do Partido Conservador conquistaram a maioria das cadeiras no Senado e na Câmara, e isso não vai mudar. Mas a incerteza sobre os resultados finais levanta dúvidas sobre como as autoridades irão comandar a votação de maio.
Na quinta-feira, as autoridades eleitorais substituíram uma empresa contratada para transmitir os boletins de votação, e as autoridades disseram que estavam estudando um sistema de urnas eletrônicas para ser usado em maio.
A polícia montou guarda em locais de apuração em Bogotá e Cali, onde manifestantes protestavam contra suspeitas de fraude e pediam a recontagem de todas as cédulas.
"Já faz quatro dias e ainda não houve uma explicação adequada", disse um professor de Ciência Política da Universidade Javeriana, Mauricio Romero, de Bogotá. "É um completo desastre."
Sánchez defendeu a atuação do órgão e contestou as acusações de Uribe sobre o consumo de álcool entre funcionários eleitorais. A lei colombiana proíbe a venda e consumo de bebidas alcoólicas durante eleições.
Analistas dizem que a demora na apuração é preocupante, mas que a eleição presidencial não deve ter tantos problemas, pois se restringe a poucos candidatos, em vez dos mais de 2.400 aspirantes a cargos legislativos.