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O presidente da Bolívia, Evo Morales, foi ratificado no cargo por pelo menos 52% dos eleitores, indicava nesta segunda-feira a contagem parcial dos votos dados no referendo do domingo. Os resultados parciais incluem a apuração de um quinto dos quatro milhões de votos e a margem de vitória de Morales deverá ser ainda maior, porque os institutos de pesquisas indicam que ele pode ter sido aprovado por 63% dos sufrágios. Dos oito governadores de departamentos (estados) que se submeteram ao referendo, três, dois da oposição e um da situação, tiveram os mandatos revogados.

Morales convocou o referendo para tentar afastar os governadores que frustraram sua tentativa de atender às reivindicações econômicas da longa e há tempos oprimida maioria indígena da Bolívia, que em grande parte vive nos altiplanos do oeste do país.

Sua agenda de esquerda encontrou uma feroz oposição no capitalista leste da Bolívia, onde os manifestantes acusam Morales de ser uma caricatura do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Os quatro governadores dos estados do leste sobreviveram facilmente ao referendo, como era esperado.

Mas Morales também não se saiu mal na votação nos quatro estados do leste. Em um deles, Pando, Morales obteve 51% dos votos, enquanto nos outros três, incluído o departamento de Santa Cruz, ele obteve 40% de aprovação. As informações são da uma pesquisa feita com mil eleitores pelo instituto Ipsos-Apoyo, para a emissora de televisão ABT da Bolívia.

A apuração é mais lenta nas áreas rurais, onde o apoio a Morales é mais forte. A contagem total poderá levar uma semana.

"O que aconteceu hoje é importante não apenas para os bolivianos, mas para todos os latino-americanos," disse Morales a milhares de partidários do balcão do palácio presidencial em La Paz, na noite do domingo. "Eu dedico esta vitória a todos os revolucionários do mundo," disse.

Apesar dos partidários pedirem "linha-dura" contra os oposicionistas do leste boliviano, Morales instou ontem todos os governadores do país a trabalharem "pela unidade de todos os bolivianos" - especialmente "na luta contra a pobreza."

Em dezembro de 2005, Morales foi eleito presidente com 53,7% dos votos - até hoje, o melhor desempenho eleitoral de um presidente boliviano. Desde então Morales nacionalizou a indústria do petróleo e gás e a maior operadora de telefonia, mas a oposição tem impedido que ele tome terras no leste para redistribuí-las a indígenas pobres.

No domingo, Morales ganhou com a derrota dos governadores oposicionistas dos departamentos de La Paz e Cochabamba, sedes do seu movimento de cocaleiros. Mas um governador aliado do governo foi derrotado no departamento de Oruro, também no altiplano.

Morales nomeou governadores interinos até que ocorram eleições regionais nos departamentos.

O governador de Cochabamba, Manfred Reyes, recuou-se a renunciar após a derrota de ontem e disse que o referendo foi inconstitucional. No final do ano passado, sangrentos choques de rua irromperam em Cochabamba, com os partidários de Morales tentando afastar Reyes.

Enquanto isso, o governador Rubén Costas, de Santa Cruz, obteve um forte apoio na votação do referendo. Ele disse que o plebiscito de ontem significou uma "derrota para o centralismo" e disse que agora seu departamento criará sua força policial própria e convocará os eleitores para elegerem uma assembléia legislativa. Santa Cruz foi a primeira das quatro províncias a se declararem autônomas neste ano, no que foi uma proclamação em grande parte simbólica.

Os quatro departamentos do leste, mais prósperos, têm resistido às tentativas de Morales controlar o faturamento obtido com a venda do petróleo e gás. Os outros departamentos do leste são Pando, Beni e Tarija.

O presidente venezuelano Chávez telefonou para Morales e o congratulou ontem à noite pela vitória.

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