A diplomacia norte-americana sofreu mais um revés no Oriente Médio nesta quarta, quando a Arábia Saudita, aliada dos Estados Unidos, abandonou os esforços para mediar a crise política no Líbano, onde o grupo xiita Hezbollah e seus aliados cristãos derrubaram o governo pró-ocidental na semana passada.
A retirada da poderosa casa real saudita é o mais recente sinal de que a competição por influência no Líbano está pendendo a favor do Hezbollah e dos aliados do grupo xiita, o Irã e a Síria. Em entrevista concedida hoje à emissora estatal de televisão Al-Arabiya, o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Saud al-Faisal, afirmou que o rei Abdullah decidiu que está "retirando sua mão" após meses de esforços diplomáticos que fracassaram em acalmar as tensões. Ele não entrou em detalhes.
A atual crise política libanesa está em grande parte ligada ao trabalho do Tribunal Especial para o Líbano, que investiga há vários anos o assassinato do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, morto em Beirute, em 2005. Hariri, com dupla nacionalidade libanesa e árabe, tinha laços muito próximos à casa real de Saud. Espera-se que o Tribunal para o Líbano acuse integrantes do grupo xiita Hezbollah. Historicamente, a Arábia apoia os muçulmanos sunitas do Líbano.
A coalizão 14 de março, apoiada pelos EUA e pela Arábia, emitiu nesta quarta um comunicado, no qual afirma que o Hezbollah e seus aliados tentam transformar o Líbano em uma "base iraniana" na região.
Também hoje, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que o Líbano precisa evitar que "mãos maldosas" interfiram nos assuntos internos do país, numa clara referência aos EUA e seus aliados ocidentais. "Tirem suas mãos do Líbano", disse Ahmadinejad. "Se vocês não pararem, o Líbano e outros países da região cortarão fora suas mãos sujas", afirmou ele. As informações são da Associated Press.