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Argentina condena repressor da ditadura militar à prisão perpétua

Um dia antes das comemorações oficiais pelos 194 anos de independência da Argentina, um Tribunal Federal da cidade de Tucumán condenou à prisão perpétua o ex-chefe do 3º Batalhão do Exército, Luciano Benjamín Menéndez, por crimes de lesa-humanidade cometidos durante a ditadura militar, que durou de 1976 a 1983. Tucumán é a mesma cidade que centralizará nesta sexta-feira (9) as mais importantes celebrações pela data nacional argentina, com a presença da presidente Cristina Kirchner e integrantes do governo.

Os juizes atribuíram a Menéndez a responsabilidade pela tortura seguida de morte de 19 pessoas, além da violação de domicílios, prisão ilegal e tortura de 17 argentinos. O ex-oficial do Exército será transferido para a cidade de Córdoba, onde aguardará julgamento por outras acusações e onde já está cumprindo prisão preventiva devido a uma condenação anterior.

No último dia 5, o ex-presidente argentino Jorge Rafael Videla, que governou o país de 1976 a 1981 e que também está sendo julgado por crimes durante a ditadura, assumiu a responsabilidade pelos atos referentes à repressão. Numa atitude surpreendente, Videla afirmou perante os juízes que assumia plenamente suas responsabilidades "em todas as ações tomadas pelos militares do Exército argentino na guerra contra os rebeldes", disse ele. "Os subordinados se limitaram a cumprir minhas ordens".

O julgamento de Videla, que ainda não terminou, ocorre em Córdoba. Há 25 anos, a Câmara Federal de Buenos Aires havia condenado Videla à prisão perpétua. O ex-general, agora com 84 anos de idade, esteve preso entre 1985 e 1990, quando foi anistiado pelo então presidente Carlos Menem.

No julgamento desta quinta-feira, em Tucumán, também foi condenado à prisão perpétua o ex-policial Roberto Heriberto Albornoz. Ele foi considerado culpado por crimes de lesa-humanidade contra 22 pessoas que estiveram detidas na chefatura de polícia da cidade.

Na Sexta-feira, um desfile cívico-militar em Tucumán reunirá integrantes das Forças Armadas e entidades sociais argentinas, abrindo as celebrações pelo dia da Independência. No último dia 25 de maio, os argentinos comemoraram o Bicentenário da República, que lembrou o começo de uma série de revoltas contra a ocupação espanhola, encerrada formalmente no dia 9 de julho de 1816, quando representantes das diversas províncias do país assinaram em Tucumán a declaração da independência. Desde então, as províncias argentinas começaram longo e difícil processo de unificação de suas forças políticas. Somente em 1826 surgiu a Constituição que declarou formalmente a existência da nação argentina.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, enviou carta ao governo argentino dizendo que "comemorando em família e com amigos, em Tucumán e em todo o país, os argentinos podem sentir-se orgulhosos de tudo que o país conquistou. Os Estados Unidos unem-se à Argentina para honrar o seu espírito de liberdade, diversidade, justiça e respeito pelos direitos humanos".

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