Argentina e Brasil vão assinar na segunda-feira (8) um acordo para eliminar o dólar do comércio bilateral, que em 2008 chegará a 30 bilhões de dólares, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em comentários publicados no domingo por um jornal argentino.
Anunciada em setembro de 2006 e prevista para entrar em vigor em julho de 2007, a iniciativa visa reduzir os custos cambiais do comércio bilateral e simplificar o intercâmbio entre os dois países mais importantes do Mercosul.
O acordo será assinado na segunda-feira no Brasil, durante uma cúpula bilateral com a presidente argentina, Cristina Fernández, em uma iniciativa que pode vir a se estender aos outros membros do bloco, Uruguai, Paraguai e Venezuela, e a países em processo de adesão.
Em entrevista ao jornal argentino Clarín, Lula disse: "Na segunda-feira vamos assinar com a presidente Cristina (Fernández de) Kirchner o acordo que lança oficialmente o uso de reais e pesos em nosso intercâmbio comercial. Vamos abolir o dólar como moeda em nosso comércio".
O presidente brasileiro destacou seu interesse em nivelar o comércio com a Argentina, num momento em que a balança mostra um saldo favorável ao Brasil em 3 bilhões de dólares nos primeiros sete meses de 2008, segundo cifras do governo argentino.
"É preciso haver certo equilíbrio; podemos ter uma diferença pequena, um ano pode ter déficit comercial e no ano seguinte, um superávit. Ao governo brasileiro não interessa que haja um superávit comercial grande em favor do Brasil", disse Lula.
DOHA
Lula voltou a minimizar as diferenças entre Argentina e Brasil durante a fracassada rodada de Doha, no final de julho.
O Brasil tentou até o último momento fazer com que a rodada terminasse com um acordo que abrisse o setor industrial dos países menos desenvolvidos, mas a recusa de outros países, como a Argentina, acelerou o fracasso da negociação.
A Argentina considerou que a oferta dos países ricos era pequena demais para abrir seu mercado agropecuário.
"Não devemos enxergar situações de conflito em nossas divergências, mas situações de diferenças, diferenças econômicas e de potencial industrial", disse Lula.
"Quando o Brasil se dispôs na rodada de Doha a fechar um acordo com os termos negociados para a agricultura e os produtos industriais, foi porque o país estava disposto a realizar, no âmbito do Mercosul, as compensações que a Argentina exigiria para não ter problemas", ele acrescentou.
"Mas a realidade é que Doha não parecia trazer grande vantagem para a Argentina e o Brasil", concluiu.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada