Os protestos na Bolívia se intensificaram nesta quinta-feira (4) e o presidente Evo Morales deu ordens aos militares para reforçarem o controle nos campos de gás localizados no departamento (estado) de Tarija, com o objetivo de garantir as exportações ao Brasil e à Argentina, segundo informou a assessoria de imprensa do Palácio Quemado, de La Paz. "Os megacampos San Alberto e San Antonio que estão no município de Caraparí, próximo de Yacuiba, na fronteira com a Argentina, estão resguardados para evitar que sejam ocupados e dominados, como ameaçaram nesta quarta os governadores de Santa Cruz, Beni, Pando, Tarija e Chuquisaca", de acordo com a assessoria do governo boliviano.
O departamento de Tarija concentra 85% das reservas de gás boliviano, a segunda mais importante da América do Sul, depois da Venezuela. Tarija possui 1,36 bilhão de metros cúbicos de reservas provadas e prováveis de gás, com investimentos das petrolíferas brasileira Petrobras e da hispano-argentina Repsol-YPF. O Brasil recebe 30 milhões de metros cúbicos diários de gás da Bolívia, enquanto que a Argentina importa 1,5 milhão de m3/dia, o que gera divisas da ordem de US$ 2,4 bilhões para o Estado boliviano.
O Conselho Nacional Democrático (Conalde) - organização política formada pelos governadores dos departamentos de Santa Cruz, Beni, Pando, Tarija e Chuquisaca - resolveu aumentar as medidas de pressão contra o governo de Evo Morales para que restitua aos departamentos o Imposto Direto aos Hidrocarbonetos (IDH) e os royalties petrolíferos. Com este objetivo, a Conalde se juntou aos manifestantes do Chaco em seus bloqueios de estradas e ameaças de ocupação dos campos de gás. Os governadores da região, conhecida como media luna (meia lua), também advertiram que, caso o governo não atenda às suas reivindicações, vão bloquear as exportações ao Brasil e à Argentina.
O ministro do Interior, Alfredo Rada, anunciou nesta quinta que o governo vai impedir as ações violentas que ameaçam a infra-estrutura petrolífera do país. Neste sentido, detalhou que o vice-presidente, Álvaro Linera - no exercício da presidência diante da ausência de Evo Morales, que se encontra em viagem à Líbia e ao Irã -, decidiu cobrar dos departamentos todas as reparações dos danos provocados durante os protestos em várias instituições oficiais. "Os danos causados serão financiados pelos departamentos", afirmou Rada. As informações são da Agência Boliviana de Informações (ABI) e do Ámbito Financiero.
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