O centro da capital do Paraguai foi despertado por gritos de guerra clássicos da esquerda. "O povo unido jamais será vencido", "Evo querido, o povo está contigo", gritavam jovens carregando bandeiras, tradicionais e vermelhas.
O centro estava cercado nesta sexta-feira (15) por forças de segurança desde a noite anterior. Mesmo assim o clima era absolutamente tranquilo. Assunção seguiu a sugestão do principal jornal do país, ABC Color. Bandeiras tricolores eram vistas por todos os edifícios.
O ABC Color, porém, veio com a primeira página em preto e branco. Sem fotos ou manchetes. O jornal preferiu um editorial de primeira página sob o título "Acabar com o roubo de Argentina e do Brasil ao Paraguai".
O texto cita o assessor especial da Presidência brasileira para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, a quem o novo governo paraguaio teria entregue uma lista de seis reivindicações, quase todas centradas na "disponibilidade livre da energia gerada por Itaipu para que seja comercializada em outros mercados a um preço justo".
Hoje o Paraguai vende o excedente da energia que recebe da usina binacional ao Brasil. Assessores do presidente Lugo têm dito à mídia que o Paraguai quer vender sua energia por um preço sete vezes maior do que o atual.
Antes de sair de casa para o dia mais importante da sua vida, o presidente eleito agradeceu a predisposição dos países vizinhos de sentar para conversar. Lugo disse no discurso que espera uma negociação com objetividade e solidariedade.
Fernando Armindo Lugo Mendes chega ao poder com 93 por cento de popularidade, segundo a pesquisa mais recente. Nove presidentes latino-americanos e mais o príncipe Felipe de Bourbon e o presidente de Taiwan acompanharam a posse do novo presidente do Paraguai na praça em frente ao Congresso Nacional.
Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou para a cerimônia de posse, populares o saudaram aos gritos de "Itaipu, Itaipu".
Lugo chegou vestindo uma camisa branca bordada típica Aoboi. Sem gravata ele gritou "Eu Juro", quando fez o juramento protocolar. E no primeiro discurso de presidente foi claro.
"Hoje termina um Paraguai exclusivo, segregacionista, com fama de corrupção", disse o novo presidente, avisando a seu país e à região que sua missão no poder é lançar a semente de um novo projeto de Paraguai.
"Hoje começa a história de um Paraguai onde as autoridades serão implacáveis com os ladrões do povo", afirmou o novo presidente, 51.
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