Os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) Michael Fossum e Ronald Garan completaram às 16h53 (horário de Brasília) desta terça-feira (12) uma caminhada espacial de seis horas e meia para fazer manutenções na plataforma orbital.
A saída foi realizada com apoio da tripulação do Atlantis, que não deve fazer nenhuma caminhada nesta missão. A última atividade externa feita pelo programa de ônibus espaciais da Nasa ocorreu em maio, pela equipe do Endeavour.
A dupla instalou um experimento no robô espacial Dextre para reabastecimento de satélites e fez manutenções gerais na estação. Esta foi a sétima caminhada espacial de Fossum, a quarta de Garan, a 160ª da ISS e a 249ª feita por astronautas americanos.
Normalmente as saídas ao espaço são feitas pela tripulação dos ônibus espaciais, sempre que há um na estação. Dessa vez, no entanto, faltou pessoal. O Atlantis decolou com quatro astronautas a bordo, em vez dos seis ou sete que voam normalmente. Isso porque não há nenhuma outra nave americana em operação para ser acionada para fazer um eventual resgate. Se houver algum problema na missão, os quatro devem ficar a bordo da ISS e voltarão à Terra com as naves russas Soyuz, um por vez, ao longo de um ano.
O Atlantis levou quatro toneladas de suprimentos para a estação espacial -- o suficiente para mais de um ano.
Esta missão é a última do Atlantis, da frota dos ônibus espaciais e da Nasa. Não há previsão de quando ocorrerá outro voo tripulado em um veículo da agência.
A decisão de aposentar a frota veio após o desastre com o Columbia. A orientação do então governo Bush era finalizar ISS, aposentar a frota até 2010 e desenvolver uma nave nova que deveria estar em operação em 2014.
De lá para cá, o governo Obama confirmou a aposentadoria do programa, mas permitiu um ano a mais de voos, até 2011. As operações na ISS foram estendidas até pelo menos 2020. E o programa de naves da administração Bush, o projeto Constellation, foi cancelado. Em seu lugar, o atual presidente ordenou que a parte de desenvolvimento e construção de espaçonaves fosse delegada à iniciativa privada, enquanto a Nasa se dedicaria a pensar as próximas fronteiras da exploração espacial.
"Vamos começar a estender as fronteiras que temos para que não fiquemos fazendo a mesma coisa repetidamente. Vamos pensar sobre qual é o próximo horizonte. Qual é a nova fronteira? Mas para fazer isso, vamos precisar de avanços tecnológicos que ainda não temos", disse Obama em uma entrevista com usuários do Twitter.
O presidente americano afirmou que a "nova fronteira" pode ser Marte e que, para chegar lá, "um asteroide é um bom pit stop".
O Atlantis
A nave leva quatro astronautas experientes: o comandante Christopher Ferguson, em sua terceira missão; o piloto Doug Hurley, em sua segunda; e os especialistas de missão Sandy Magnus e Rex Walheim, ambos com três missões cada.
O quarto ônibus espacial da Nasa está em operação há 26 anos e é responsável por alguns dos grandes marcos do programa americano: ele lançou o telescópio espacial de raios gama Compton e as sondas Magellan para Vênus e Galileo para Júpiter.
A nave também foi a primeira americana a acoplar com a estação espacial russa Mir, para onde fez sete voos consecutivos, entre 1995 e 1997.
Em 2009, o Atlantis fez a última missão de reparos prevista para o telescópio espacial Hubble, que permitiu que o observatório orbital, que estava definhando na época, pudesse ter sua expectativa de vida estendida para até 2014.
No voo seguinte, ele bateu o recorde do Discovery de menor número de problemas técnicos em uma missão: 54. Em 2010, bateu seu próprio recorde e baixou o número para 46.
A missão de 2010 estava prevista para ser a aposentadoria oficial do ônibus espacial. A atual era apenas uma missão de stand-by que seria usada para caso de necessidade de resgate do Endeavour, que, na época, estava previsto para fazer a missão final da frota. Com a decisão de tornar o voo de resgate em uma missão oficial, a nave foi recolocada em serviço.
Após a aposentadoria, o Atlantis será a único que continuará na Flórida, em exibição no complexo de visitantes do Centro Espacial Kennedy. O Discovery será enviado ao Museu Smithsonian na capital americana, Washington DC, no lugar do protótipo Enterprise, que nunca foi ao espaço e será transferido para Nova York. O Endeavour irá ao Centro de Ciência da Califórnia, em Los Angeles.
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