Um ataque de morteiros em um mercado de Mogadíscio deixou pelo menos 42 mortos nesta segunda-feira (22). A ação parece ser mais um episódio do conflito que alguns já chamam "o Iraque africano". Insurgentes islâmicos combatem o governo da Somália e seus aliados militares etíopes há dois anos. O combate piorou no fim de semana, mesmo enquanto autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) negociavam um cessar-fogo entre o governo e representantes da oposição na vizinha Djibouti.
Depois de ataques rebeldes contra o palácio presidencial, o presidente do comitê de negócios do mercado de Bakara, Ali Dhere, disse que projéteis disparados pelo governo atingiram o movimentado centro de comércio, localizado em uma área densamente povoada, considerada um refúgio dos insurgentes islâmicos.
- Não sabemos por que estão mirando Bakara, afinal isto é um mercado, um local público - disse ele.
Autoridades do governo não estavam à disposição para esclarecimentos, e os militares etíopes nunca comentam os combates. Os comerciantes de Bakara descreveram uma cena terrível.
- Vimos quatro pessoas morrerem na hora. A carne e o sangue foram espalhados aos pedaços - disse o vendedor de roupas Nur Omar.
Abdi Nur Hassan, dono de uma venda de eletrônicos, disse que dois mísseis caíram perto.
- Vi seis pessoas morrerem, algumas sem pernas e mãos. Reunimos seus corpos, mas é difícil não misturá-los - disse ele.
Além do palácio presidencial, os rebeldes somalis atacaram nesta segunda-feira duas bases da União Africana, que atua como força apaziguadora, e o principal aeroporto, onde um vôo comercial desafiou a proibição de pouso do grupo militante al Shabaab. Os residentes ainda disseram que pelo menos doze pessoas morreram no domingo.
- Um míssil atingiu a casa de um vizinho e matou nove pessoas da mesma família - disse Farhiya Abdullahi.
Depois de ser expulsos de Mogadíscio, sua base principal, os rebeldes islâmicos se insurgiram no início de 2007, em uma onda que matou quase 10 mil civis e um número desconhecido de combatentes. Nos últimos dois meses eles se tornaram cada vez mais ousados, lançando ataques à capital somali e capturando o estratégico porto de Kismayu, no sul do país.
A al-Shabaab está na lista de terroristas de Washington, e serviços de segurança ocidentais dizem que os rebeldes islâmicos possuem fortes laços com a Al-Qaeda. Mas os líderes rebeldes se exibem como nacionalistas lutando contra uma ocupação indesejada da Etiópia.
Durante as pausas nos combates, os moradores de Mogadício acudiram às poucas clínicas da cidade com seus feridos. A equipe do hospital Madina disse ter recebido 65 vítimas desde domingo.
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