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Um eventual ataque norte-americano ao Irã poderia envolver milhares de vôos e mísseis durante semanas, mas não eliminaria o programa nuclear do país, segundo militares e analistas.

A ação militar - que o Pentágono insiste não estar sendo planejada - seria prejudicada pela falta de informações a respeito do número e da localização das instalações nucleares dispersas pelo Irã, segundo os analistas.

E nem as mais sofisticadas bombas ``arrasa-bunker'' dos EUA conseguiriam penetrar até a profundidade onde estão enterrados os locais blindados, de acordo com autoridades e especialistas. ''É altamente improvável que todos os locais críticos sejam conhecidos dos serviços de inteligência dos EUA e de países ocidentais, então parte do programa sem dúvida sobreviveria, talvez mesmo os elementos mais críticos'', disse Bruce Riedel, ex-funcionário do Conselho de Segurança Nacional e do Departamento de Defesa, hoje analista da Brookings Institution.

Um bombardeio - visto como opção mais provável - poderia no máximo retardar o programa nuclear em alguns anos. ``As pessoas mais otimistas são favoráveis a isso (o ataque) porque acham que ele pode adiar, não descarrilar, o programa nuclear iraniano'', disse Justin Logan, analista do Instituto Cato, de Washington.

Muitos analistas e funcionários consideram, na verdade, que dificilmente haverá ataque ao Irã, uma vez que as forças militares dos EUA já estão sobrecarregadas com duas guerras, no Afeganistão e no Iraque, e há pouco apoio internacional a um novo conflito.

Oficialmente, o governo norte-americano não descarta a ação militar para impedir que o Irã desenvolva armas nucleares, mas defende a diplomacia como melhor solução. Teerã afirma que seu programa nuclear é exclusivamente pacífico.

Especulando em linhas gerais sobre uma possível ação militar, fontes de Defesa disseram sob anonimato que os alvos prioritários seriam as instalações nucleares iranianas já conhecidas e outras instalações militares, inclusive bases de mísseis e baterias antiaéreas.

De acordo com essas fontes -e também com as especulações de analistas-, os EUA deveriam usar bombardeiros para lançar explosivos capazes de penetrar na terra e atingir instalações ocultas. Outro componente seriam os mísseis de cruzeiro lançados de navios dos EUA no golfo Pérsico.

Alguns oficiais discutem um cenário que envolveria centenas de missões em alguns dias, mas, caso houvesse ataques a outros alvos governamentais e militares, seriam necessárias milhares de missões ao longo de muitas semanas.

Nada disso, porém, eliminaria totalmente o programa atômico. Anthony Cordesman, analista do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, disse que, embora os inspetores internacionais tenham identificado pelo menos 18 instalações, pode haver até 70 delas.

Também é possível que os EUA não tenham munição para a tarefa. Logan, do Cato, disse que as mais eficientes bombas ''arrasa-bunker'' dos EUA não conseguem furar os 15 metros de concreto que supostamente preservam as instalações nucleares subterrâneas.

Seria necessário jogar várias bombas no mesmo lugar. ``Essas limitações claramente nos afetariam'', disse uma fonte de Defesa.

Mas autoridades do Pentágono garantem que os EUA têm como danificar o programa nuclear iraniano. ``Claramente os EUA têm uma tremenda capacidade, mas não têm intenção nem planejam entrar em guerra contra o Irã'', disse o porta-voz Bryan Whitman.

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