Ao menos uma pessoa morreu e duas ficaram feridas em um atentado nesta sexta-feira (26) contra uma usina de gás industrial em Isère, sudeste da França.
Uma cabeça decapitada foi encontrada perto do portão da usina, junto a uma bandeira com palavras em árabe. Segundo o jornal local “Le Dauphine”, a cabeça também estava coberta com inscrições.
A polícia suspeita que o atentado tenha sido cometido por extremistas islâmicos. Caso se confirme, este será o pior atentado na França desde o ataque, em janeiro, ao jornal satírico “Charlie Hebdo” e a um mercado kosher, em que 18 pessoas foram mortas.
O suposto autor do atentado entrou na fábrica com uma bandeira islamita e detonou várias cilindros de gás, apontou uma fonte próxima do caso citada pela agência AFP.
A deputada por Isère, Joëlle Huillier, informou à imprensa que pelo menos um homem foi detido pela polícia e está sendo interrogado.
O detido é um homem de cerca de 30 anos supostamente com antecedentes penais, segundo o jornal local “Le Dauphiné Liberé”.
O presidente francês, François Hollande, participava de uma reunião com a chanceler alemã Angela Merkel em Bruxelas no momento do atentado. Ele voltará ainda hoje ao país.
O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, já chegou ao local do atentado para acompanhar os trabalhos dos bombeiros e da polícia.
Usina
Situada ao norte dessa cidade do sudeste francês, a fábrica, de 200 empregados, faz parte de um polígono de mil hectares levantado em 1971 que agrupa 400 empresas, a maioria do setor logístico, e no qual trabalham cerca de 12 mil pessoas.
Segundo Joëlle, a empresa está “na maior zona logística da França, talvez de toda Europa”.
É uma paisagem aberta, habitualmente transitada por caminhões e repleta de bases industriais junto às quais estão localizados vários restaurante de fast-food e inclusive hotéis.
“A zona está completamente isolada e as equipes de emergência não deixam de chegar”, explicou a Séverine, uma trabalhadora de um restaurante próximo ao local do atentado, que assegurou não ter ouvido a explosão.
A filial de Saint-Quentin-Fallavier da Air Products, um gigante americano do setor e primeiro fornecedor de hélio do mundo, que dispõe de três fábricas na França, estava estabelecida nesse perímetro há 15 anos e é uma fornecedora habitual de gás para o setor de saúde local e outras indústrias.
Segundo confirmou a um jornal local o prefeito da cidade, Michel Bacconnier, o depósito armazenava oxigênio e argônio, entre outros gases.
A Air Products é uma das três empresas do polígono classificada como de “sob risco industrial” segundo a direção SEVESO, que obriga a identificar as zonas industriais vinculadas a tratamentos químicos suscetíveis a prejudicar o meio ambiente ou a saúde de povoações próximas.
Na França, esta categoria inclui cerca de 1,2 mil centros industriais, dos quais 540 registram um “risco limitado” como o de Air Products.
“É uma zona SEVESO, mas de um nível de periculosidade pouco elevado. Por que escolher esta fábrica quando havia estabelecimentos próximos com maior risco?”, se questionou o vice-presidente da região de Ródano-Alpes, Alain Chabrolle.
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