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| Foto: MUNIR UZ ZAMAN/AFP

Ao menos quatro pessoas morreram em diversos ataques com explosivos contra centros turísticos na Tailândia nas últimas horas, informaram as autoridades nesta sexta-feira (12). No popular balneário de Hua Hin, ao sul de Bangcoc, quatro explosões mataram duas pessoas e feriram dezenas.

Na noite de quinta-feira (11), um duplo atentado matou uma vendedora ambulante tailandesa e feriu outras 19 pessoas, incluindo turistas estrangeiros, informou a polícia local.

As duas explosões ocorreram com trinta minutos de intervalo, perto de bares na zona de vida noturna da cidade, após as 22h (12h de Brasília).

“Uma mulher tailandesa foi morta, e no total (...) 19 pessoas ficaram feridas. Desses 19, três estão em estado grave e sete dos feridos são estrangeiros - quatro mulheres e três homens”, disse à AFP um agente da polícia local de Hua Hin, acrescentando que há duas holandesas feridas.

“A primeira bomba explodiu diante de um pub” situado na zona turística de Hua Hin, a duas horas de Bangcoc. A segunda bomba explodiu 30 minutos depois, a cerca de 50 metros, em uma zona mais próxima da praia, onde estão vários bares e restaurantes frequentados por turistas.

Os feridos foram hospitalizados em Hua Hin e a imprensa local divulgou imagens de turistas estrangeiros recebendo os primeiros socorros.

Horas depois, na manhã de sexta, outro duplo atentado matou mais uma pessoa e feriu três em Hua Hin, segundo um oficial local, Sutthipong Klai-udom..

Um terceiro atentado provocou mais um óbito em Surat Thani, 400 km ao sul de Hua Hin, na zona de acesso às ilhas turísticas do sul da Tailândia.

“A bomba matou uma funcionária municipal. Acho que está ligado com as explosões de Hua Hin”, disse à AFP o governador da província de Surat Thani.

O explosivo estava escondido em um canteiro de flores diante de uma delegacia, segundo as primeiras informações.

Em Trang, também no sul do país, uma bomba em um mercado matou um cidadão tailandês.

No balneário de Phuket, muito popular entre os turistas estrangeiros, outras duas explosões deixaram ao menos um ferido, de acordo com as autoridades.

Hua Hin, principal alvo dos ataques, é um balneário frequentado por turistas estranjeros e também por tailandeses. A cidade está lotada desde a quinta-feira, início do feriadão na Tailândia por ocasião no aniversário da rainha, nesta sexta.

Na avenida da praia em Hua Hin, invadida por grandes hotéis internacionais e bares, também se encontra a residência de verão da família real.

Semear o caos

Os ataques, que não foram reivindicados, “buscam semear o caos”, declarou o chefe da Junta Militar Tailandesa, general Prayut Chan-O-Cha.

O general se perguntou as razões destes ataques “quando nosso país se encaminha para a estabilidade, uma economia melhor e turismo”.

As autoridades militares contam com o turismo para reativar a estancada economia do país.

É comum que pequenas explosões atinjam a Tailândia durante períodos de tensão política elevada, mas houve poucos incidentes desse tipo no ano passado, e é raro que locais turísticos sejam alvos.

No último grande atentado na Tailândia, em agosto de 2015, a explosão de uma bomba plantada em um templo hindu da capital matou 20 pessoas, em sua maioria turistas estrangeiros. Este foi o ataque mais mortífero desse tipo na história recente do país.

O ataque de 2015 em Bangcoc, o pior da história do país, não foi reivindicado, mas as autoridades suspeitam que foi cometido por um grupo ligado à minoria muçulmana uigur da China, sem vínculo com o terrorismo internacional islâmico.

Veja as principais pistas sobre explosões na Tailândia

A polícia segue a pista de “uma sabotagem local” na investigação sobre as explosões que deixaram quatro mortos nas últimas horas na Tailândia. Os especialistas cogitam outras três hipóteses.

Política

Para Thitinan Pongsudhirak, cientista político independente da universidade de Chulalongkorn de Bangcoc, “o mais provável é que sejas as forças políticas que perderam o referendo” de domingo passado na Tailândia.

A polêmica nova Constituição foi adotada em referendo, em um contexto de fortes restrições das liberdades públicas. A junta militar havia proibido fazer campanha pelo não, sob ameaça de penas de prisão.

Os partidários da ex-primeira-ministra Yingluck Shinawatra, deposta pelos militares em 2014, denunciaram que o regime manipulou a consulta popular ao não permitir o debate.

Mas Yingluck pediu aos seus simpatizantes, sobretudo aos chamados Camisas Vermelhas, que acatassem o resultado e se concentrassem nas legislativas previstas para 2017. Também condenou os atentados.

O fato de os atentados terem sido cometidos nesta sexta-feira, aniversário da rainha Sirikit da Tailândia, parece um desafio lançado ao exército, que tomou o poder em 2014 em nome da proteção da monarquia.

Conflito separatista muçulmano

“Os culpados são provavelmente grupos rebeldes que combatem o Estado tailandês no extremo sul” do país, especula Paul Chambers, especialista americano no exército.

Os separatistas do extremo sul da Tailândia dominam as técnicas de detonação de bombas à distância e os dispositivos de duplos artefatos para provocar o maior número possível de vítimas.

Nos dois anos em que os militares estão no poder não há soluções à vista para o conflito, que deixou milhares de mortos em uma década de confrontos.

O porta-voz policial Krissana Pattanacharoen disse nesta sexta-feira que havia semelhanças entre as bombas de fabricação caseiras usadas nos últimos atentados e as detonadas com frequência pelos rebeldes no extremo sul. Não especificou quais.

O ministro da Defesa, Prawit Wongsuwon, rejeitou esta hipótese. “Estas bombas não estão relacionadas aos distúrbios no extremo sul” da Tailândia, afirmou Prawit.

Se esta pista for confirmada, seria a primeira operação de envergadura dos rebeldes fora das províncias do extremo sul, onde operam.

Por enquanto não parecem vinculados ao terrorismo islamita internacional.

Defensores dos uigures

Há um ano uma bomba deixou 20 mortos no centro de Bangcoc. Foi o atentado mais mortífero da Tailândia.

Os dois principais suspeitos são chineses da etnia muçulmana uigur, que se considera perseguida por Pequim. O julgamento começará em Bangcoc em 23 de agosto.

Piyapan Pingmuang, porta-voz da polícia nacional, disse nesta sexta-feira que é examinado um possível vínculo entre os dois atentados. “Acredito que a equipe de investigadores está levando isso em consideração”, declarou.

Em relação ao atentado de 2015, as autoridades tailandesas evitam mencionar oficialmente a pista uigur, por medo de contrariar Pequim, afirmam os analistas.

Assim como nas explosões da noite de quinta-feira, falam de pistas locais.

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