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Extremismo

Atirador cita “catástrofe do Brasil”

Anders Behring Breivik deixa tribunal em Oslo, após um juiz ter decidido que ele ficará preso em solitária por quatro semanas | Jon-Are Berg-Jacobsen/AFP
Anders Behring Breivik deixa tribunal em Oslo, após um juiz ter decidido que ele ficará preso em solitária por quatro semanas (Foto: Jon-Are Berg-Jacobsen/AFP)

Num manifesto de mais de 1.500 páginas publicado sob pseudônimo na internet, o extremista de direita Anders Behring Breivik, indiciado ontem pelos ataques que na sexta-feira resultaram na morte de pelo menos 76 pessoas na Noruega, cita o Brasil como exemplo dos supostos malefícios sociais da miscigenação. Breivik acusa ainda uma aliança entre marxistas e multiculturalistas de tentar desqualificar por meio de propaganda todos os conservadores como "ignorantes e intolerantes inatos movidos pelo ódio a toda e qualquer minoria", o que, segundo ele, "está tão distante da realidade quanto possível".No texto, o extremista norueguês de 32 anos de idade defende que os conservadores "precisam tomar o poder político e militar por meio de uma combinação de luta armada e democrática" para evitar que prevaleça "um modelo de bastardização contínua, muito similar ao brasileiro", atribuído por ele à mistura de raças.

"Essas políticas provaram ser uma catástrofe para o Brasil e para outros países que institucionalizaram e facilitaram a miscigenação disseminada de asiáticos, europeus e africanos", escreve o suposto autor do massacre na página 1.153 do manifesto intitulado "Uma Declaração Eu­­ropeia de Independência", pu­­bli­­cado sob o pseudônimo An­­drew Berwick.

"O Brasil estabeleceu-se firmemente como um país de se­­gun­­do mundo com um grau ex­­tremamente baixo de coesão so­­cial. Os resultados disso são evidentes e manifestam-se pelo ele­­vado grau de corrupção, pela falta de produtividade e por um eterno conflito entre diversas ‘culturas’ concorrentes", escreve o extremista.

Na opinião dele, a variedade de "subtribos recém-estabelecidas" sabota qualquer esperança de se atingir no Brasil "o mesmo grau de produtividade e harmonia" da Escandinávia, da Ale­­ma­­nha, da Coreia do Sul e do Japão e a aplicação do mesmo modelo na Europa seria "devastador e na­­­­cionalmente retrógrado".

Breivik tenta justificar os mo­­tivos da oposição conservadora à miscigenação, à adoção de não-europeus e à imigração em massa de estrangeiros para a Europa ale­­gando que tais fatores seriam pre­­judiciais "à unidade de nossa tri­­bo".

"Um país que possua culturas competindo entre si acabará fragmentado por dentro no longo prazo ou então se tornará um país permanentemente disfuncional, como o Brasil e nações si­­milares", argumenta o extremista.

Na argumentação ultraconservadora de Breivik, um país "próspero e estável" depende de cinco "fatores primários": o Islã não pode estar presente; o povo deve ser etnicamente homogêneo; a população deve ser educada e ter QI elevado; políticas culturais conservadoras e nacionalistas devem ser aplicadas, com algum grau de protecionismo fi­­nanceiro; e políticas de livre mer­­cado.

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