O presidente do Paraguai, Federico Franco, disse neste domingo (21) que fará "todo o possível" para reinstalar seu país no Mercado Comum do Sul (Mercosul), antes de entregar o poder a seu sucessor, no dia 15 de agosto. Ele alertou porém, que o próximo governo precisa ter o apoio de dois terços do Congresso para normalizar as relações com o bloco comercial regional, que incorporou a Venezuela como membro pleno, à revelia dos paraguaios.
"Como vai ficar a situação do Paraguai, já que o Congresso paraguaio declarou (o presidente da Venezuela) Nicolas Maduro pessoa não grata?", perguntou Franco, em entrevista coletiva. Maduro foi considerado "pessoa não grata" quando era chanceler e vice do presidente Hugo Chávez, morto em março.
O sucessor de Franco terá que reunir dois terços dos votos do novo Congresso, que será eleito hoje, se quiser rever a situação de Maduro. "Nenhum partido terá dois terços dos votos, portanto será fundamental ter um acordo, entre os poderes Executivo e Legislativo para definir políticas de Estado", disse Franco, pouco antes de votar.
Franco disse que Maduro foi vetado pelo Congresso paraguaio porque, durante a crise institucional de junho passado, ele teria se reunido com alto comando militar paraguaio para tentar impedir o impeachment do então presidente Fernando Lugo. Há dez meses, o Congresso (de maioria oposicionista) responsabilizou Lugo pela morte de 17 pessoas, num enfrentamento entre policiais e sem terra, no interior do país. Ele foi destituído pela grande maioria dos parlamentares num processo político que durou 48 horas e foi questionado pelos governos regionais. Franco, que era vice de Lugo, assumiu o poder, sem o apoio dos países vizinhos.
Por considerar que se tratava de um "golpe parlamentar", Brasil, Argentina e Uruguai suspenderam o Paraguai do Mercosul, até a posse de um novo governo, eleito por voto direto. Hoje (21) os 3,5 milhões de paraguaios vão às urnas para escolher um novo presidente. Dos 11 candidatos, dois têm chance: o empresário Horacio Cartes, do Partido Colorado (que governou o Paraguai durante 61 anos, 35 deles na ditadura) e o ex-ministro Efraín Alegre, do Partido Liberal Radical Autêntico (o mesmo de Franco). Nenhum dos dois partidos tradicionais, porém, alcançará sozinho dois terços dos votos.
A votação começou às 8h (horário de Brasília) e as primeiras pesquisas de boca de urna davam vantagem a Cartes. Tanto Cartes, quanto Alegre se manifestaram a favor da reincorporação do Paraguai ao Mercosul. A presidenta do Partido Colorado, Lilian Samaniego, disse em entrevista que, uma vez terminada a eleição, "e possível encontrar as formas políticas para destravar todos os temas". Mas tanto os colorados, quanto os liberais consideram "injusto" o tratamento recebido de seus sócios no Mercosul.