Cresceu nesta quinta-feira a pressão pela renúncia do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, com a deserção de seis parlamentares da bancada governista, e atritos dentro do gabinete a respeito de um programa de reformas econômicas.
"Pedimos ao sr. que faça uma iniciativa adequada à situação", disseram os parlamentares rebeldes em carta ao premiê, reproduzida pelo jornal Corriere della Sera.
"Seja o apoiador de uma nova fase política e de um novo governo, que teria a tarefa, de agora até o final do mandato legislativo, de implementar a agenda acertada com os nossos parceiros europeus e, com ela, as indicações que vieram do Banco Central Europeu", acrescentaram.
O Il Giornale, pertencente ao irmão de Berlusconi, publicou a notícia sobre a carta sob o título "A noite dos traidores".
A coalizão centro-direitista que governa a Itália sofre divisões escancaradas, e na noite de quarta-feira o gabinete não chegou a um consenso sobre um pacote destinado a promover o crescimento e reduzir a dívida pública - algo que Berlusconi queria aprovar antes da cúpula do G20 em Cannes.
Partidários de Berlusconi acusaram o ministro da Economia, Giulio Tremonti, de obstruir o acordo.
Sem consenso para um decreto que colocaria as medidas imediatamente em vigor, o gabinete optou por fazer emendas para incluir algumas das medidas no orçamento ordinário que está tramitando no Senado.
Em nota, o governo disse, sem entrar em detalhes, que essa emenda é compatível com as medidas definidas com os parceiros da UE numa reunião de cúpula na semana passada. Uma fonte oficial disse que o pacote inclui benefícios tributários para investimentos em infraestrutura, redução da burocracia e estímulos à contratação de jovens estagiários.
A incerteza política se somou à crise grega para derrubar a cotação dos títulos públicos italianos. O ágio sobre os papéis BTP com vencimento em 10 anos chegou a 6,3 por cento, aproximando-se perigosamente do nível de 7 por cento que os analistas consideram insustentável.
Diante da real perspectiva de que a Grécia deixe a zona do euro, o futuro da moeda única europeia agora depende de evitar um colapso da Itália, o que iria sobrecarregar os atuais mecanismos de defesa do bloco.
Desde agosto, um programa de compra de títulos do Banco Central Europeu limita os custos do crédito para a Itália, mas a crise agora se espalhou, a dívida italiana passou a preocupar mais, e a intervenção do BCE se torna cada vez menos eficaz.
Nesta quinta-feira, o banco francês BNP Paribas disse ter reduzido em 40 por cento a sua exposição à dívida italiana, o que significa a venda de 8,3 bilhões de euros em títulos.
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