O clima de tensão se intensifica na República Democrática do Congo (RDC) enquanto a população espera que a Comissão Eleitoral Nacional Independente (Ceni) publique os resultados das eleições presidenciais de 28 de novembro, que deveriam ter sido divulgados há dois dias.
Embora o porta-voz da Ceni Matthieu Mpita tenha afirmado em comunicado que os resultados seriam anunciados nesta terça-feira, foram registrados novos choques na quarta entre policiais, que patrulham as ruas de Kinshasa fortemente armados, e os partidários dos candidatos, que circulam com facões.
Na quarta à noite, na localidade de Kimbasake, foram registrados confrontos quando os militantes do líder da oposição, Etienne Tshisekedi, da União pela Democracia e o Progresso Social (UDPS), começaram a proclamar sua vitória, apesar da Ceni não ter anunciado os resultados até o momento.
O mesmo aconteceu no distrito de Gombe, no centro de Kinshasa, quando Diomi Ndongala, presidente da Democracia Cristã (DC), um partido próximo a Tshisekedi, proclamou o líder da oposição ganhador das eleições durante uma entrevista coletiva.
Os últimos números divulgados na última terça-feira pela Ceni após a apuração de 89,28% dos votos mostravam que, por enquanto, o presidente do país, Joseph Kabila, é o candidato que obteve mais votos, acima dos 8,3 milhões, o que representa 48% do total. Já Tshisekedi tinha 5,9 milhões de votos, ou 34%.
A Ceni deveria ter publicado os resultados destas eleições presidenciais na última terça-feira, mas atrasou o anúncio por 48 horas pela demora na entrega de documentos das áreas mais remotas do país.
Para tentar reduzir a tensão, a comissão afirmou na quarta-feira que todos os candidatos tinham se comprometido formalmente a aceitar os resultados das eleições.
Por sua vez, o governo da RDC proibiu o envio de mensagens SMS e de e-mails em todo o território nacional até o fim do processo eleitoral, uma medida com a qual pretende minimizar a incitação à violência.