Policiais venezuelanos prenderam nesta quinta-feira num aeroporto do país o presidente da TV de oposição Globovisión, Guillermo Zuloaga, acusado pelo Legislativo de criminalizar e prejudicar a imagem do presidente Hugo Chávez durante uma reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).
A prisão de Zuloaga, que afirmara que Chávez "usa a força para fechar meios de comunicação" e "trata de dividir os cidadãos", ocorreu dias depois da detenção nesta semana do político oposicionista Oswaldo Alvarez Paz, que é acusado de difamar o governo.
Zuloaga já foi investigado anteriormente por especulação e ocultação de veículos para lucrar com o sobrepreço. Ele se encontrava no aeroporto de Punto Fijo, no Estado de Falcón, no oeste da Venezuela, prestes a tomar um avião com destino a Bonaire, nas Antilhas Holandesas, onde iria passar o feriado da Semana Santa, segundo afirmou.
"Apareceu um senhor que disse ser da DIM (a polícia militar) e que há uma ordem de prisão contra mim. Nem sequer me deixam regressar a Caracas em meu avião. Tenho de esperar um avião para ir com eles", afirmou Zuloaga em um contato telefônico com a Globovisión.
"Não tenho nenhuma intenção de sair da Venezuela, ia sair para voltar", acrescentou o empresário, acionista majoritário na emissora.
O oposicionista Alvarez Paz, ex-governador do Estado petrolífero de Zulia, foi detido na terça-feira por supostamente difundir informações falsas, acusando o governo de ter vínculos com o narcotráfico e com o grupo separatista basco ETA.
A procuradora-geral da República, Luisa Ortega Díaz, confirmou a ordem de captura, que cumpriria o estabelecido no artigo 296 do Código Penal sobre "informações falsas que causem pânico na coletividade".
"As prisões ocorrem em razão de uma denúncia formulada, ou uma exortação, pela Assembleia Nacional (...) eles consideram que as declarações em um foro internacional contra o presidente são ofensivas e desrespeitosas", disse Ortega à emissora privada Venevisión.
O artigo citado prevê penas de 2 a 5 anos de prisão para esse tipo de delito.
O deputado Manuel Villalba, presidente da comissão legislativa que pediu a investigação, disse que o processo responde a declarações injuriosas contra Chávez, que Zuloaga responsabiliza pelos fatos que resultaram no breve golpe de Estado contra o próprio Chávez em 2002.
O presidente venezuelano é acusado por opositores e algumas organizações de direitos humanos de atentar contra a liberdade de expressão e de ordenar prisões injustificadas contra seus adversários políticos.
"Aqui não existem presos políticos, só políticos presos, como é o caso do senhor Zuloaga", respondeu Villalba a esse tipo de crítica.
A prisão de Zuloaga aconteceu três dias após o político da oposição Oswaldo Alvarez Paz ter sido detido por comentários feitos em um talk-show da Globovisión em 8 de março.
Alvarez Paz foi acusado de conspiração, divulgação de falsos rumores e incitação pública ao crime, após ter dito que a Venezuela virou um santuário para traficantes de drogas. Ele também apoiou acusações feitas por um juiz espanhol de que o governo da Venezuela cooperou com a organização terrorista ETA (Pátria Basca e Liberdade) e com a guerrilha de esquerda da Colômbia.
Chávez desmentiu as acusações e disse que elas são mentiras. Alvarez Paz manteve o que disse e nega ter infringido a lei.
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