Autoridades tailandesas pretendem cortar o abastecimento de água, eletricidade e comida dos milhares de manifestantes que ocupam o principal bairro comercial de Bangcoc há quase seis semanas, e ameaçam usar a força caso eles não se dispersem.
O governo endureceu sua postura após o fracasso de uma proposta feita na semana passada pelo primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva para encerrar uma crise política que já deixou 29 mortos, paralisou parte da capital e reduziu o crescimento da segunda maior economia do Sudeste Asiático.
Os manifestantes, formados na maioria por camponeses pobres, seguidores do ex-premiê Thaksin Shinawatra, recusaram-se nesta quarta-feira a deixar o seu acampamento de 300 hectares, onde construíram muralhas usando pneus, pontas de bambu e caminhões.
"Vamos morrer aqui se precisarmos. Suas ameaças (do governo) não irão funcionar", disse Nattawut Saikua, líder dos protestos, a uma entusiasmada multidão.
As negociações foram canceladas, e a proposta do governo para realizar eleições antecipadas em novembro foi retirada, segundo Korbsak Sabhavasu, secretário-geral do gabinete do premiê.
À 0h de quinta-feira (14h de quarta em Brasília), o governo vai cortar a energia e lacrar os acessos ao acampamento, disse o porta-voz militar Sansern Kaewkamnerd no centro de gestão de crise do governo.
"As medidas de cortar água e energia são as primeiras medidas. Se o protesto não acabar, temos de cumprir totalmente a lei, o que pode envolve o uso da força para recuperar a área", disse ele.
Mas o corte do abastecimento representa um desafio logístico num bairro cheio de hotéis, embaixadas, empresas, apartamentos de luxo e dois hospitais públicos. Os manifestantes dizem que podem sobreviver com seus geradores e mantimentos. Além disso, há possibilidade de confrontos caso as forças do governo tentem interceptar víveres.
"Não vejo como cortar o abastecimento poderia ser efetivo," disse Karn Yuenyong, diretor da entidade Siam Intelligence Unit. "(Os militares) terão de fazer isso numa área grande, o que afeta muita gente. Não é uma tarefa fácil e pode não valer a pena, especialmente se os manifestantes puderem burlá-la."
Em 10 de abril, os militares tentaram dispersar manifestantes em outra área, o que levou a um confronto com 25 mortos. Desde então, a cidade vem registrando tiroteios e ataques com granadas. "Uma resolução sem confronto está se tornando cada vez mais improvável," disse Karn.
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