Um avião comercial da Rússia com 224 pessoas a bordo caiu na península do Sinai, no Egito, neste sábado (31). Estavam no voo sete tripulantes e 217 passageiros, dos quais 214 eram russos e três eram ucranianos. Havia 138 mulheres, 62 homens e 17 crianças a bordo. Não há sobreviventes, segundo a embaixada russa no Egito.
Ainda não se sabe a causa do acidente, mas, de acordo com o governo egípcio, não há sinais de que o avião tenha sido abatido ou explodido.
Uma equipe de busca com dezenas de ambulâncias trabalha na remoção dos corpos desde manhã. Até as 15 horas (horário de Brasília), segundo as autoridades do Egito, 129 corpos haviam sido resgatados.
A aeronave, um Airbus A-321-200 operado pela companhia Kogalymavia (conhecida como MetroJet) voava de um resort na cidade de Sharm el-Sheikh, próxima ao mar Vermelho, para São Petersburgo, quando caiu em uma área montanhosa da península de Sinai, ao sul da cidade de Alarixe.
O avião decolou às 5h51 no horário do Cairo (1h51 no horário de Brasília), com boa condição climática, e sumiu dos radares após 23 minutos, quando voava a 9.400 metros de altura.
Pouco antes da queda, de acordo com a emissora americana CNN, o piloto teria ligado para o controle de tráfego aéreo para informar que estava com problemas técnicos e solicitar um pouso de emergência.
A Embaixada da Rússia no Cairo disse ter sido informada pelas autoridades egípcias de que o piloto tentou um pouso de emergência na cidade de Alarixe, nas proximidades do local do acidente.
“O avião se partiu em dois. Uma parte menor, na cauda, pegou fogo, e a maior colidiu com uma rocha. Retiramos ao menos cem corpos, e os outros ainda estão dentro”, declarou à Reuters um integrante das equipes de resgate.
Caixas-pretas
Acidentes com aviões em altitude de cruzeiro, como era o caso, são os mais raros, mas também os mais mortais. Embora representem apenas 13% dos acidentes fatais de avião, foram responsáveis por 27% do número de mortos, segundo a fabricante Boeing.
As caixas-pretas da aeronave, que contêm informações do voo e gravações da cabine do piloto, já foram encontradas, segundo a Reuters.
Depois de dar condolências e ordenar que seus ministros ofereçam suporte às famílias das vítimas, o presidente russo Vladimir Putin determinou a formação de um grupo de investigação e anunciou que enviaria aeronaves para ajudar nos trabalhos de busca. Putin também decretou um dia de luto no país neste domingo (1º).
No início da noite de sábado (pelo horário do Cairo), o primeiro-ministro do Egito, Sherif Ismail, disse em entrevista que não havia indícios de “atividades irregulares” levando à queda do avião, mas afirmou que seria impossível ter certeza das causas do acidente antes de examinar a caixa-preta do voo.
Estado Islâmico
No Twitter e em sites, um grupo ligado à facção terrorista Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pela queda da aeronave, embora não tenha apresentado nenhuma evidência para apoiar a afirmação.
“Os guerreiros do EI conseguiram derrubar um avião russo na província de Sinai que carregava 220 cruzados russos. Foram todos mortos, graças a Deus”, dizia a mensagem que circulou na internet.
Embora a região do Sinai seja foco da atuação de militantes do EI, a reivindicação do ataque é considerada improvável por especialistas, segundo os quais o EI tem armamento capaz de derrubar, no máximo, aviões que voam a até 10 mil pés de altura –o da MetroJet voava a cerca de 30 mil pés.
Além disso, o grupo que alegou ter derrubado o avião não apresentou imagens, procedimento habitual da rede terrorista.
O ministro dos Transportes da Rússia, Maksim Sokolov, que viajou para o Egito para participar das investigações, disse que não acredita na veracidade da reivindicação.
Autoridades, porém, temem que a presença de terroristas na região possa dificultar as operações de busca no local.
Investigações
O governo russo anunciou que abrirá um processo criminal contra a companhia aérea Kogalymavia por “violação das regras e preparações para voo”, e a agência russa reguladora de transportes Rostransnadzor afirmou que vai investigar se a operadora seguiu todas as regras de segurança aérea, informou a agência russa Interfax.
Segundo a emissora estatal de TV Rossiya 24, oficiais fizeram uma busca no escritório da empresa em Moscou e apreenderam alguns documentos.
Durante inspeção no ano passado, autoridades regulatórias russas encontraram violações nos procedimentos da Kogalymavia, mas os problemas teriam sido corrigidos dentro do prazo.
A companhia aérea apenas declarou que não há evidências de que o acidente deste sábado tenha sido causado por erro humano.
Letalidade
O acidente deste sábado no Egito é um dos mais letais registrados nos últimos dez anos.
Em julho de 2014, um voo da Malaysia Airlines que ia de Amsterdã (Holanda) a Kuala Lumpur (Malásia) caiu na Ucrânia, matando as 298 pessoas a bordo. Serviços de inteligência de vários países, bem como a investigação holandesa, acusaram separatistas ucranianos, apoiados pela Rússia, de derrubar o avião.
Em março do ano passado, outro voo da Malaysia Airlines, o MH370, que fazia a rota de Kuala Lumpur a Pequim, desapareceu com 239 pessoas a bordo. Um fragmento do avião foi encontrado no oceano Índico, mas os corpos até hoje não foram localizados.
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