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Investigadores examinam os destroços do Boeing 737-800 buscando averiguar as causas do acidente: aeronave passou por uma inspeção de rotina em outubro do ano passado | Robin Lonkhuijsen / Reuters
Investigadores examinam os destroços do Boeing 737-800 buscando averiguar as causas do acidente: aeronave passou por uma inspeção de rotina em outubro do ano passado| Foto: Robin Lonkhuijsen / Reuters

A companhia aérea Turkish Airlines (THY) indicou nesta quinta-feira (26) que a aeronave que sofreu um acidente que deixou 9 mortos nas imediações do aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, havia passado por um reparo no início da semana.

Na última segunda-feira (23), o avião, "que deveria realizar um voo com destino a Madri, foi retirado de serviço depois de um informe de um piloto sobre uma falha do painel principal de advertência, e a peça defeituosa foi substituída no mesmo dia, permitindo ao avião voltar à atividade", afirmou a THY.

"Depois desta mudança, o avião realizou oito decolagens e aterrissagens sem apresentar nenhum problema", acrescentou a companhia em um comunicado citado pela agência de notícias Anatólia.

O Boeing 737-800 também passou por uma mudança, em 28 de outubro, perto dos flaps da asa esquerda. Estas janelas servem para facilitar a decolagem e a desaceleração na aterrissagem. A aeronave passou também por uma revisão de rotina em 22 de outubro, destacou a THY.

"A THY realizou todos os trabalhos de manutenção do avião de acordo com as recomendações do fabricante e das autoridades nacionais e internacionais", acrescentou a companhia.

O avião, proveniente de Istambul, com 127 passageiros e sete membros da tripulação a bordo, caiu nesta quarta num campo perto do aeroporto de Amsterdã-Schiphol, seu destino final. Nove pessoas morreram, das quais três pilotos, e 63 pessoas ainda estão internadas, delas seis em estado crítico.

Investigações

Quarenta investigadores examinavam nesta quinta-feira (26) os destroços do avião para averiguar as causas do acidente. "Os investigadores trabalharam toda a noite, sem pausa", afirmou Rob Stenacker, porta-voz da polícia de Schiphol. "Continuarão hoje e talvez pela próxima noite."

"Os primeiros resultados da investigação devem ser conhecidos em algumas semanas", declarou Fred Sanders, porta-voz da Unidade de Investigação para a Segurança. "Não teremos os resultados oficiais até daqui a um ano, provavelmente."

"O avião ficou seriamente danificado. Que tantas pessoas tenham conseguido sair a pé é muito surpreendente, alguns falam de milagre".

"O fato de não ter se incendiado ajudou muito. Isto se deve, talvez, a ter caído em um campo de lama, e não em uma estrada ou pista de pouso", explicou Sanders.

Pilotos não perceberam problema, diz TV

Os pilotos não perceberam o desastre por vir, segundo supostas gravações das conversas na cabine divulgadas pela televisão holandesa "NOS".

"Nas comunicações com a torre de controle durante a última curva, a cerca de 15 quilômetros da pista de aterrissagem, não há nenhuma indicação ou comentário sobre nenhum problema", disse o piloto profissional Ronald de Ree.

Os pilotos também não indicam nenhum problema nos dois contatos seguintes, a cerca de 10 quilômetros, mas estes parecem "um pouco curtos e efêmeros", segundo De Ree.

Alguns meios de comunicação holandeses sugerem que o avião ficou sem combustível, por isso os motores desligaram, e baseiam esta teoria no fato de que o avião tinha perdido muita velocidade e que não pegou fogo depois do impacto.

Destroços

Os destroços do Boeing da Turkish Airlines permanecerão no local por vários dias.

A caixa-preta do avião, que decolara de Istambul e se partiu em três, foi encontrada ainda nesta quarta.

Seis feridos permanecem em estado crítico e 25 graves. As famílias das vítimas chegaram nesta quarta a Amsterdã, procedentes da Turquia.

O acidente aconteceu às 6h30 (de Brasília), quando o avião realizava a manobra de aterrissagem. Segundo testemunhas, o aparelho parecia planar no ar e, depois de perder velocidade, caiu e se partiu em três em um terreno ao lado da pista.

Tragédia evitada

O ministro turco dos Transportes, Binali Yildirim, disse que o fato de o avião da Turkish Airlines ter caído em uma superfície macia e pantanosa evitou uma tragédia maior.

"O fato de que o avião pousou em uma superfície macia e de que não houve incêndio depois do impacto ajudou a manter baixo o número de vítimas fatais", disse o ministro. "Foi um milagre."

A informação sobre o fato de o solo macio ter amenizado o impacto foi confirmada por especialistas ouvidos pela Associated Press.

Candan Karlitekin, chairman da empresa, disse que havia 127 passageiros -inclusive um bebê de colo - e sete tripulantes a bordo. Inicialmente, o aeroporto havia informado que 135 pessoas estavam na aeronave.

A empresa divulgou a lista de passageiros do avião. De acordo com a embaixada turca na Holanda, os passageiros seriam 72 turcos e 32 holandeses.

Não há informações sobre brasileiros a bordo.

O sobrevivente Huseyin Sumer disse à rede CNN Turk por telefone: "O avião partiu em três pedaços. Nós estamos ligando para as pessoas para dizer que a situação não é muito grave, mas pode haver mortos na parte frontal do avião".

Outro sobrevivente disse à imprensa local que tudo aconteceu muito rápido, em cerca de dez segundos, e que a tripulação só teve tempo de pedir que os passageiros apertassem os cintos de segurança.

Acidentes aéreos na Holanda

O acidente é o pior da história do país desde outubro de 1992 quando um avião de carga da El Al caiu sobre um bloco de prédios residenciais em um subúrbio de Amsterdã, matando 43 pessoas -39 delas no solo. O avião envolvido naquele acidente foi um Boeing 747 que caiu sobre os prédios, provocando um grande incêndio, depois de ter pane em dois motores logo após a decolagem.

Em dezembro de 1997, um Boeing-757 da Transavia caiu em um voo para as Ilhas Canárias. Havia 205 passageiros e 8 tripulantes a bordo, e vários ficaram feridos.

O acidente foi o 11º envolvendo areonaves da Turkish nos últimos dias, segundo o Instituto de Segurança do Transporte Aéreo NLR, em Amsterdãm. Nos anos 70, desastres envolvendo a companhia provocaram 608 mortes em dois anos.

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