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Caribe

“Baby Doc” espera ser eleito presidente, afirma porta-voz

Apoiadores de “Baby Doc” fazem buzinaço em Porto Príncipe: ex-ditador ainda tem popularidade, mas é incerto se o apoio é grande o suficiente para forçar uma nova eleição | Lee Celano/Reuters
Apoiadores de “Baby Doc” fazem buzinaço em Porto Príncipe: ex-ditador ainda tem popularidade, mas é incerto se o apoio é grande o suficiente para forçar uma nova eleição (Foto: Lee Celano/Reuters)

Porto Princípe - O ex-ditador Jean-Claude Du­­valier, o "Baby Doc", espera ser eleito presidente do Haiti, afirmou ontem seu porta-voz. Hen­ri-Robert Sterlin, ex-embaixador do Haiti em Paris, explicou que a volta de Duvalier ao Haiti tem como objetivo a organização de uma nova eleição presidencial. A votação de 28 de novembro passado é alvo de contestações e o segundo-turno, que deveria ter ocorrido em janeiro, foi postergada. "Precisamos agitar as coisas de maneira que as eleições sejam anuladas e novas eleições organizadas para que Duvalier possa concorrer", afirmou Ster­­lin, em entrevista à agência de notícias francesa AFP.

A volta de Duvalier ocorre num momento em que o Haiti ainda vive uma grave crise hu­­manitária e política, um ano após o terremoto que deixou cerca de 230 mil mortos.

Em reação à declaração do por­­ta-voz de "Baby Doc", o Con­­selho Eleitoral Provisório do Haiti (CEP) informou que não pretende alterar os resultados do primeiro turno da eleição presidencial, publicados em 7 de de­­zembro. A decisão foi tomada com base no conselho de observadores internacionais.

Quatro haitianos entraram com quatro processos ontem contra Duvalier por tortura, exílio e prisões arbitrárias, cometidos durante os 15 anos em que ele passou à frente do poder.

Na terça-feira, as autoridades haitianas já haviam indiciado "Baby Doc" por corrupção e desvio de fundos públicos. Ele teria saqueado o Tesouro do país antes de fugir em 1986. Um juiz de instrução decidirá se existem provas suficientes para que Duvalier seja julgado. O processo poderá levar três meses. O sistema judiciário do Haiti permitiria que "Ba­­by Doc" ficasse preso até o juiz decidir se ele seria julgado, mas ele recebeu permissão para voltar ao Hotel Karibe, onde está hospedado com sua mulher na capital haitiana.

"Para sempre"

"Ele ficará no Haiti para sempre, é sua história. E tomar parte na política, isso é certo. Um político nunca morre", disse ontem o advogado de Duvalier, Rey­­nold Georges, que argumenta que as acusações contra seu cliente já foram prescritas. "Nós não podemos voltar a essas coisas, é proibido pela lei", afirmou Georges. "É perseguição", acrescentou ele, afirmando que o presidente René Préval está por trás das acusações contra Duvalier. Préval, quando jo­­vem, foi um militante contra a ditadura da família Du­­valier.

Na segunda-feira, a mulher de "Baby Doc", Veronique Roy, dis­­se que o casal planejava re­­gressar a Paris em três dias. "Se ele tiver que deixar o país, ele pe­­dirá aos juízes e viajará", disse Charles.

Mais da metade da população nasceu após a queda de "Baby Doc" em 1986, evento que significou o final da dinastia Duvalier, que começou com a ditadura do seu pai, François Duvalier (1957-1971), o "Papa Doc". Durante a ditadura da família Duvalier, mi­­lhares de haitianos foram mortos pelo governo e outros milhares se refugiaram.

"Se Justiça de verdade deverá ser feita no Haiti, as autoridades haitianas precisam abrir uma investigação criminal sobre a responsabilidade de Duvalier na enorme quantidade de abusos aos direitos humanos cometidas durante sua ditadura, incluindo tortura, prisões arbitrárias, estupros e execuções extrajudiciais", afirmou a Anistia Internacional, em nota.

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