Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Justiça

Retorno de “Baby Doc” piora crise política no Haiti

O porta-voz de “Baby Doc”, Henry Robert Sterlin, fala com a imprensa na frente do hotel onde o ex-ditador está hospedado: coletiva de ontem foi cancelada | Hector Retamal/AFP
O porta-voz de “Baby Doc”, Henry Robert Sterlin, fala com a imprensa na frente do hotel onde o ex-ditador está hospedado: coletiva de ontem foi cancelada (Foto: Hector Retamal/AFP)

Porto Príncipe - De volta a Porto Príncipe após 25 anos de exílio na França, o ex-ditador do Haiti Jean Claude Duvalier, o "Baby Doc’’, se transformou em mais um ator da crise política do país e provocou uma onda de duras críticas de ONGs e ex-perseguidos políticos que cobram que ele seja julgado pe­­los crimes de seu governo (1971-1986). "Vinte e cinco anos de um cô­­modo exílio são suficientes pa­­ra esquecer os horrores, o sofrimento, a injustiça, o custo econômico e humano de décadas de ditadura?’’, questionou Micha­­ëlle Jean, enviada da Unesco ao Haiti.

Jean fez carreira no Canadá, para onde a família migrou quan­­do ela tinha 11 anos por causa da perseguição do regime Duvalier.

O inesperado regresso de "Baby Doc’’, de 59 anos, no do­­mingo, também foi criticado pe­­las ONGs Human Rights Watch e Anistia Internacional, que exigiram que ele seja julgado por su­­postos crimes de lesa humanidade e o desvio de estimados US$ 100 milhões.

Duvalier cancelou conversa com jornalistas marcada para ontem, mas recebeu antigos se­­guidores no hotel de luxo Karibe. Legalmente, Duvalier não tem impedimentos para voltar ao Haiti. Tampouco responde a ações na Justiça. Seu retorno era considerado uma ameaça à estabilidade do país na avaliação dos EUA em 2006, às vésperas das eleições presidenciais, segundo documentos vazados pelo site Wiki­­Leaks.

Opositores do presidente Re­­né Préval acusavam o governo de promover a volta de Duvalier pa­­ra "turvar’’ ainda mais a situação política no país e provocar a ex­­tensão do mandato do presidente. Ex-ativista que lutou contra a ditadura, Préval não fez comentários sobre a volta do ex-ditador. O Haiti teve o primeiro turno das eleições presidenciais no final do ano passado, com denúncias de fraudes. O segundo turno, que deveria ocorrer em 16 de janeiro, foi cancelado.

Préval recebeu ontem Jo­­sé Miguel Insulza, o secretário-geral da OEA, para falar sobre a crise política. Para o embaixador do Brasil no Hai­­ti, Igor Kipman, o "timing mui­­to curioso" de "Ba­­by Doc" o con­­verte auto­­ma­­ticamente em um "ator" da crise.

"Ele é um haitiano e como tal é livre para voltar para ca­­sa", disse o primeiro-ministro Jean-Max Bellerive. Questio­­nado sobre a possibilidade de "Baby Doc" desestabilizar o país, Bellerive disse que "até agora, não existem motivos para acreditar nisso"

Retorno

Segundo uma fonte diplomática francesa em Porto Prín­­cipe, Duvalier tem uma passagem de volta para a França marcada para quinta-feira, dia 20 de janeiro.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.