Uma instituição financeira africana decidiu restringir o acesso do governo da Costa do Marfim às suas contas, o que pode deixar o presidente Laurent Gbagbo sem verbas para pagar os soldados que o apoiam na atual crise pós-eleitoral do país.
E, no campo político, Gbagbo ficou ainda mais isolado por causa da decisão da Assembleia Geral da ONU de reconhecer a vitória do oposicionista Alassane Ouattara na eleição de 28 de novembro.
Chefes de Estado do bloco regional Ecowas se reúnem na sexta-feira na Nigéria para discutir a crise, e a imprensa marfinense disse que o grupo pode se decidir pelo envio de uma força militar de intervenção, chamada Ecomog.
Um político próximo a Ouattara defendeu nesta semana que a comunidade internacional use a força para derrubar Gbagbo. Já Charles Ble Goude, líder do poderoso movimento "Jovens Patriotas", leal ao presidente, afirmou que o envio de uma força militar estrangeira poderia fazer a Costa do Marfim mergulhar novamente numa guerra civil, como já aconteceu em 2002/03.
Autoridades eleitorais anunciaram no começo do mês a vitória de Ouattara na eleição presidencial, por uma margem de 10 pontos percentuais sobre Gbagbo. Mas o Conselho Constitucional do país, comandado por um aliado do presidente, reverteu o resultado, depois de apontar fraude de centenas de milhares de votos dados à oposição.
Distúrbios registrados desde então já causaram mais de 170 mortes, segundo o Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Na noite de quinta-feira, ministros do Banco Central da União Monetária e Econômica do Oeste Africacno anunciaram que o banco não irá mais reconhecer a autoridade de Gbagbo como presidente, e que as verbas ali depositadas só serão liberadas para o "governo legítimo" de Ouattara.
Na véspera, o Banco Mundial já havia decido cancelar a liberação de 800 milhões de dólares, o que aumenta a possibilidade que Gbagbo em breve enfrente dificuldades para pagar salários - inclusive aos militares, cujo apoio ao presidente é considerado crucial para que ele permaneça no poder, apesar da pressão internacional.
Procurado por telefone na noite de quinta-feira, o ministro de Finanças de Gbagbo, Desiré Dialo, não quis comentar as decisões do Banco Mundial e do banco regional.
Um porta-voz do governo paralelo montado por Ouattara disse que as novas restrições são "um avanço importantíssimo rumo ao controle do poderio econômico".
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