Sorridente, relaxado, beijando as criancinhas e posando para as câmeras com um chapéu Panamá, Bento XVI mostrou nesta semana, em sua Baviera natal, uma imagem contrária à sua reputação de homem austero e frio.
É verdade que o Papa não possui o carisma de seu predecessor, o polonês João Paulo II, que costumava atrair multidões e dominava o "circo midiático" com perfeição.
Mas o antigo arcebispo de Munique parecia relaxado e feliz ao lado de seus conterrâneos, que têm a reputação de serem os mais calorosos da Alemanha.
- Acho que vimos o lado bávaro do Papa - disse a alemã Katrin Huber, de 53 anos, que assistiu à missa campal de Ratisbonne. - Talvez ele devesse permanecer entre os seus para deixar transparecer sua verdadeira personalidade - acrescentou.
Bento XVI ganhou a reputação de ultraconservador durante sua carreira no Vaticano, a tal ponto que recebeu o apelido de "o rottweiller de Deus".
Durante sua visita à Baviera, o Papa de 79 anos evitou toda questão controversa e leu seus discursos sem improvisar.
Este "novo" Papa de "sentimentos humanos" fez a alegria da multidão durante sua visita ao santuário mariano de Alttting, aonde ele ia quando era pequeno. Sorridente, o homem de rosto usualmente fechado apertou as mãos, aplaudiu e conversou com os fiéis, enquanto beijava as crianças.
A seguir, sem dúvida revigorado por uma boa refeição à base de porco assado no convento vizinho, Bento XVI ganhou um chapéu Panamá.
Sem sombra de hesitação, o Pontífice colocou o chapéu de palha na cabeça antes de se virar para as câmeras com um sorriso.
- Foi um grande momento, ele mostrou que não é um personagem distante - disse a alemã Hannfried Grller, de 24 anos.
No quinto dia de sua viagem à Baviera, nesta quarta-feira, o Papa passou o tempo com sua família, recebendo seu irmão, Georg Ratzinger, um padre três anos mais velho do que ele, em Ratisbonne, onde Bento XVI ainda tem uma casa e onde ele ensinou teologia. Depois de almoçar, os dois religiosos visitaram os túmulos de seus pais e de sua irmã.