O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, ganhou um teste de força no Parlamento nesta terça-feira, um dia antes do início de seu julgamento por acusações de pagar para fazer sexo com uma garota menor de idade.
A votação na Câmara Baixa do Parlamento teve como objetivo transferir a audiência para um tribunal ministerial especial, como parte de manobras políticas às vésperas do julgamento de Berlusconi.
Contando com a presença de todos os deputados de centro-direita que puderam ser reunidos, o governo obteve 314 votos a favor contra 302. Os juízes encarregados de abrir na quarta-feira as audiências do caso conhecido como "Rubygate" não são obrigados a se guiarem por esse resultado, que não terá efeito imediato sobre o desenrolar do julgamento.
Mas a votação, vista como um teste da habilidade de Berlusconi para mobilizar sua enfraquecida maioria no Parlamento, poderá ter impacto no caso nos próximos meses, se a Corte Constitucional endossar a decisão parlamentar.
O julgamento de Berlusconi pelas acusações de ter pago para manter relações sexuais com uma dançarina de boate, a adolescente Karima El Mahroug (conhecida como Ruby), quando ela ainda não havia completado 18 anos, é um dos eventos políticos mais comentados na história italiana do pós-guerra.
Documentos da promotoria detalhando festas de sexo na mansão luxuosa do primeiro-ministro, nos arredores de Milão, das quais tomavam parte dezenas de aspirantes ao estrelado e outros homens deram origem a críticas de vários grupos, incluindo a Igreja Católica e lobbies empresariais.
Berlusconi não pretende ir à abertura do julgamento que ele diz ter sido iniciado por magistrados de esquerda que querem prejudicá-lo.
BERLUSCONI NEGA
O caso também contribuiu para enfraquecer Berlusconi nas pesquisas de opinião, que já vinham apontando queda de sua popularidade havia meses, como resultado da fraca economia e de crises como a do lixo, na cidade de Nápoles, no sul do país.
Berlusconi nega ter pago por sexo e também rejeita uma acusação relacionada ao caso, a de abusar de seus poderes quando pressionou autoridades policiais para libertar a moça de uma delegacia em Milão, onde estava presa por uma alegação de furto, não vinculada a ele.
Foi esta última acusação que levou à votação desta terça-feira no Parlamento. Berlusconi não nega ter telefonado para a polícia, mas diz ter feito isso por acreditar que Karima fosse sobrinha do ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, razão pela qual, diz ele, quis evitar um incidente diplomático.
A oposição ridicularizou essa justificativa, mas os partidários do governo argumentam que como a alegação de Berlusconi se refere a um ato decorrente de sua função de primeiro-ministro, ele teria de ser ouvido em audiência por um tribunal ministerial especial, e não em uma corte comum.
Os juízes de Milão que iniciarão o julgamento amanhã já anteciparam que não pretendem interromper os procedimentos enquanto aguardam a confirmação da Corte Constitucional, principal instância jurídica da Itália. A corte poderá ordenar a transferência para o tribunal especial, mas essa decisão pode levar meses.
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