O governo da Itália ordenou na sexta-feira que os médicos continuem a alimentar uma mulher em coma que está no centro de um caso sobre o direito de morrer. A polêmica dividiu o país católico.
Eluana Englaro, 38, permanece em estado vegetativo desde um acidente de carro em 1992 e tem sido chamada de "a Terri Schiavo da Itália" - a norte-americana que passou 15 anos em estado vegetativo e recebeu autorização para morrer em 2005, após uma longa batalha judicial.
Esta semana, o pai de Englaro, que luta nos tribunais italianos há mais de 10 anos, levou-a a uma nova clínica que concordou em interromper a alimentação dela, depois de várias outras terem se recusado por temer retaliação.
A principal corte da Itália decidiu no ano passado que ela deveria ter permissão para morrer, diante da irreversibilidade do coma. Os médicos da clínica começaram a retirar a comida na sexta-feira, seguindo essa decisão.
O gabinete do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, no entanto, emitiu um decreto impedindo os médicos de interromper a nutrição, rejeitando a decisão da corte.
"Até que tenhamos uma lei a respeito das questões sobre o fim da vida, nutrição e hidratação, como elas são uma forma de suporte vital à vida, não podem ser suspensas sob nenhuma circunstância por aqueles que cuidam das pessoas que não são autossuficientes", disse Berlusconi.
O gabinete agiu em oposição ao presidente da Itália, Giorgio Napolitano, que informou o governo mais cedo que se opunha a resolver o assunto por meio de um decreto.
Napolitano tem poder para vetar o decreto. Mas Berlusconi disse que se isso acontecer ele convocará uma sessão de emergência no parlamento, onde tem maioria, para aprovar a lei.
Muitos políticos católicos - a maioria de centro direita - disseram que não alimentar a mulher significa eutanásia (ilegal na Itália) e pediram a intervenção do governo.
Um padre celebrou uma missa para ativistas antieutanásia diante da clínica na sexta-feira e um pequeno grupo de manifestantes colocou faixas nas quais se lia "Berlusconi, salve Eluana".
O cardeal Javier Lozano Barragan, espécie de ministro da Saúde no Vaticano, disse esta semana que a implementação da decisão judicial seria "matar deliberadamente" Englaro.
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