O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, prometeu hoje retirar milhares de imigrantes norte-africanos que lotaram a pequena ilha de Lampedusa, obtendo aplausos dos moradores locais exasperados com a chegada dos barcos do norte da África. Um navio da Marinha italiana e outro comercial chegaram pela manhã a Lampedusa e pelo menos mais três embarcações são esperadas para hoje. Elas deverão retirar os imigrantes e levá-los temporariamente para abrigos na Itália continental, disse Cosimo Nicastro, comandante da Guarda Costeira da Itália.
"A partir das próximas 48 horas a 60 horas, Lampedusa será habitada apenas por seus moradores", disse Berlusconi, que fez hoje sua primeira visita à ilha, território mais meridional da Itália e mais próxima da costa norte-africana que da Sicília. A ilha tem cinco mil habitantes. Desde meados de janeiro, quando caiu o governo da Tunísia, Lampedusa recebeu mais de 18 mil imigrantes clandestinos vindos do norte da África, a maioria tunisianos, mas também líbios, egípcios, somalis, eritreus e etíopes. Muitos dos imigrantes dormem em tendas, aguardando o transporte para a Itália, uma vez que os centros de triagem e atendimento estão lotados.
Berlusconi disse que os cinco navios têm capacidade para transportar dez mil pessoas. O premiê afirmou que a Itália também fez um apelo ao governo interino da Tunísia para que patrulhe sua área costeira e receba de volta pelo menos alguns dos imigrantes. Muitos dos clandestinos já foram transferidos à Itália, mas cerca de seis mil ainda permanecem na ilha. Berlusconi, abalado por vários escândalos e processos na Justiça arrancou mais aplausos da população quando disse que comprou uma mansão em Lampedusa e que também inscreverá a ilha para receber o prêmio Nobel da Paz, por causa da paciência dos moradores ao receber os imigrantes.
A Itália pediu aos outros países da União Europeia (UE) que também recebam imigrantes e refugiados dos conflitos na Tunísia e na Líbia. "Quando existe um repentino e anormal fluxo de refugiados, a UE precisa adotar medidas para proteção temporária que incluem a distribuição dessas pessoas", disse o chanceler italiano, Franco Frattini, em Londres, durante uma conferência sobre a situação na Líbia.