O que as criaturinhas feiosas na foto têm a ensinar para quem quer viver mais e melhor? Talvez muita coisa, de acordo com um estudo publicado na edição desta semana da revista científica americana "PNAS". Ao contrário da maioria dos roedores, os ratos-toupeiras-pelados (Heterocephalus glaber) podem viver até os 30 anos, e o truque por trás da façanha talvez seja a resistência das proteínas de seu organismo.
A conclusão, obtida pela equipe de Rochelle Buffenstein, da Universidade do Texas, veio após uma comparação detalhada entre ratos-toupeiras-pelados e camundongos de laboratório (os quais vivem, no máximo, pouco mais de três anos). O raciocínio é simples: alguma pista importante sobre o envelhecimento deve estar presente no organismo dos ratos-toupeiras pelados, já que o processo, nessa espécie, é muito mais lento do que o que se vê entre os demais roedores.
Um dos fatores apontados como principais para o envelhecimento é o chamado estresse oxidativo, que envolve a ação destruidora de formas muito reativas de oxigênio sobre as células do corpo - de fato, embora essencial para o organismo, a ação do oxigênio pode ser muito ruim a longo prazo.
O que os pesquisadores viram, no entanto, é que, embora o dano às células dos bichos seja aparentemente igual, a diferença entre os ratos-toupeiras e os camundongos está na resistência ao dano das proteínas dos primeiros. As proteínas dependem profundamente da sua forma tridimensional para cumprir suas funções no organismo, e alterações nesses formatos (como se as proteínas ficassem "desenroladas") acabam sendo um elemento para o declínio do organismo.
Perto do que se vê entre os camundongos, as proteínas dos ratos-toupeiras-pelados resistem a esse tipo de processo, mantendo sua conformação e sua função. Os pesquisadores apostam que essa é uma das razões para a resistência dos bichos ao envelhecimento. Em tese, estratégias parecidas poderiam ser aplicadas em seres humanos interessados em retardar a própria velhice.