Dois meses antes do prazo, a Bolívia atingiu a meta de erradicar anualmente 5.000 hectares de plantação de coca, disse o presidente do país, Evo Morales.
O anúncio acontece um mês depois de o governo dos EUA haver decidido colocar em andamento um processo para suspender os benefícios comerciais oferecidos aos bolivianos devido à suposta falta de cooperação deles na luta contra o narcotráfico.
"Acabam de me informar que já cumprimos a meta de erradicar voluntariamente e de forma coordenada 5.000 hectares (de plantação). O governo está cumprindo as metas acertadas" para o ano de 2008, afirmou Morales a repórteres durante uma reunião realizada na noite de terça-feira, na residência oficial do presidente.
Morales, antes líder dos cocaleiros na Bolívia, informou que o cumprimento da meta anual de erradicação de plantações consideradas irregulares será celebrado no próximo domingo, na região de Chapare (base política e sindical dele).
A Bolívia é o terceiro maior produtor mundial de coca e de cocaína, ficando atrás da Colômbia e do Peru, segundo dados dos EUA e da Organização das Nações Unidas (ONU).
No final de 2007, o país contava com cerca de 28 mil hectares de plantações de coca, dos quais 20 mil são cultivos autorizados pela lei antidrogas vigente e por convênios entre os governos e os cocaleiros, disse um informe oficial.
A recente condenação feita pelos EUA a respeito das políticas antidrogas da Bolívia surgiu em meio a uma série de desavenças entre os dois países, desavenças essas que se acentuaram desde que Morales expulsou do território boliviano, em setembro, o embaixador norte-americano, Philip Goldberg, acusando-o de incentivar a oposição a protestar contra o governo.
Em manobras elogiadas pelo presidente, os sindicatos de cocaleiros expulsaram de Chapare a Usaid, uma agência norte-americana de ajuda, e anunciaram que poderiam fazer o mesmo com o DEA (órgão dos EUA de combate às drogas).
"Concluímos a erradicação porque é obrigação do governo nacional levar adiante a luta contra o narcotráfico de maneira mais decidida e não simplesmente por motivos políticos", disse Morales, que costuma seguir a linha "antiimperialista" do presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
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