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Falta de combate

EUA cortarão benefícios à Bolívia por não reduzir tráfico

"Infelizmente, teremos que separar a Bolívia desses benefícios", disse Rice em coletiva de imprensa | Mario Anzuoni / Reuters
"Infelizmente, teremos que separar a Bolívia desses benefícios", disse Rice em coletiva de imprensa (Foto: Mario Anzuoni / Reuters)

Os Estados Unidos suspenderão as preferências comerciais que concedem à Bolívia porque o país andino não "melhorou suas políticas de combate às drogas", disse nesta quinta-feira (23) a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice.

"Em várias oportunidades", durante os últimos dois anos, "desde que o presidente Evo Morales assumiu o cargo, os EUA pediram a ele que a Bolívia melhorasse suas políticas de luta contra as drogas, mas sem resultados", acrescentou Rice.

"Infelizmente, teremos que separar a Bolívia desses benefícios", disse Rice em coletiva de imprensa. Ela fez o anúncio em Puerto Vallarta, no México, após uma reunião com sua congênere mexicana, Patricia Espinosa. Ela foi ao balneário discutir com Patricia Espinosa a luta contra o tráfico de drogas no México.

O anúncio de Rice ocorreu no mesmo dia em que uma delegação boliviana está em Washington, no escritório central do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) para uma audiência na qual tentaria demonstrar que a suspensão seria "injusta", como havia dito o ministro da Fazenda da Bolívia, Luis Arce, chefe da delegação.

Arce encontrou-se antes com o senador republicano Dick Lugar, que defendeu a continuação das preferências comerciais à Bolívia Segundo Lugar, não é o momento certo para os EUA suspenderem os benefícios. A continuação da assistência, ele disse, seria importante após Evo ter feito progressos em chegar a um compromisso com a oposição na questão constitucional. "No momento em que a Bolívia se encontra à beira de uma nova era, com nova Constituição, a assistência americana deveria continuar como um esforço para ajudar a Bolívia, não ser um impedimento ao seu progresso", disse.

O governo boliviano afirma que o fim das preferências comerciais, concedidas também a outros países andinos, provocará a demissão de 30 mil trabalhadores bolivianos. Além disto, afirma que exportações de produtos bolivianos no valor de US$ 300 milhões ficarão sem mercado.

A Bolívia é o país mais pobre da América do Sul.

A suspensão aumentará tarifas de importação nos EUA a mercadorias bolivianas exportadas para o país, como jóias, têxteis, madeira e outros produtos. A Bolívia aproveitava o regime de preferências desde 1991.

Evo, no entanto, disse aos bolivianos que eles não devem temer a perda das preferências comerciais do terceiro maior parceiro comercial do país, após o Brasil e a Argentina. Segundo ele, é uma punição americana à Bolívia. "Nós não temos medo de um embargo econômico dos EUA contra o povo boliviano", disse ele, comparando a perda das preferências comerciais ao embargo que Washington mantém contra Cuba desde 1962.

Evo expulsou o embaixador americano em La paz no mês passado, ao acusá-lo de conspiração e apoio à oposição, algo que o diplomata Philip Goldberg nega. Washington expulsou em represália o embaixador da Bolívia. Antes, a Bolívia expulsou funcionários americanos da Usaid, uma agência de desenvolvimento de projetos, e da DEA, agência de combate ao narcotráfico, da região do Chapare, que produz no país andino a maior parte das folhas de coca, matéria-prima da cocaína. Em seguida à expulsão da Usaid e da DEA do Chapare, a administração Bush colocou a Bolívia na lista negra das drogas. Rice disse outros projetos de assistência à Bolívia continuarão e que o governo Bush deixou claro que não existe um "teste" ideológico para a cooperação e a amizade com os EUA. As informações são da Associated Press.

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