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O governo da Bolívia entregou nesta segunda-feira uma nota diplomática à embaixada do Brasil na qual expressa sua "profunda preocupação" com o que chamou de "transgressão do princípio de reciprocidade e cortesia internacional" devido à fuga do senador opositor Roger Pinto para Brasília.

O chanceler boliviano, David Choquehuanca, informou à imprensa que a nota foi entregue hoje a um representante da embaixada brasileira, onde Pinto esteve asilado por quase 15 meses sem que o governo boliviano lhe desse um salvo-conduto para sair do país rumo ao Brasil.

"Na nota diplomática nós expressamos nossa profunda preocupação com a transgressão do princípio de reciprocidade e cortesia internacional. Por nenhum motivo o senhor Pinto poderia deixar o país sem o salvo-conduto", disse o ministro das Relações Exteriores.

Segundo Choquehuanca, é necessário ter uma explicação oficial do Brasil sobre o tema porque "foram violadas normas nacionais" e internacionais.

"O amparo da imunidade diplomática não pode transgredir normas nacionais e internacionais facilitando neste caso a fuga, a saída irregular do país do senador Pinto. Pode ser um precedente ruim (...) se é que nós, amparados pela imunidade diplomática, vamos permitir esses atos ilegais", disse.

O senador boliviano esteve refugiado desde 28 de maio de 2012 na embaixada brasileira em La Paz, onde entrou dizendo ser um "perseguido" político do governo de Evo Morales, que negou a acusação.

O senador temia ser detido porque enfrentava mais de 20 processos movidos pelo Executivo em várias cidades bolivianas e não tinha conseguido abandonar a embaixada por falta de um salvo-conduto que as autoridades lhe negaram, pois sustentam que deve responder a essas acusações de corrupção.

Pinto finalmente chegou ao Brasil no sábado depois de deixar a embaixada de La Paz em um carro diplomático e viajar no mesmo até a fronteira, escoltado por militares brasileiros, aparentemente por ordens do Encarregado de Negócios da embaixada do Brasil, Eduardo Saboia, segundo foi divulgado hoje.

"Tomei a decisão de conduzir a operação pois havia risco iminente à vida e à dignidade de uma pessoa", afirmou Saboia, em declaração a jornalistas ao desembarcar na madrugada de hoje em Brasília, para onde viajou após ser chamado para consulta.

Choquehuanca afirmou nesta segunda-feira que "é grave o que aconteceu", por isso insistiu que Brasil deve dar explicações sobre a saída irregular de Pinto.

"(Isso) pode ser um precedente ruim porque, amparados na imunidade diplomática, então, já podemos levar drogas, traficar armas ou nos dedicar ao tráfico de pessoas", criticou o chanceler.

O chefe da diplomacia boliviana negou que o opositor seja "perseguido" e ratificou que tem processos penais na Bolívia por "crimes comuns de corrupção" pelos quais deve responder perante a Justiça.

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