Com derrota no referendo, Evo Morales não poderá disputar um eventual quarto mandato| Foto: Enzo De Luca/Fotos Públicas

A Bolívia rejeitou a reforma constitucional promovida pelo presidente de origem indígena Evo Morales, de 56 anos, para se candidatar a um quarto mandato (2020-2025) -- segundo a contagem oficial do Organismo Eleitoral Plurinacional (OEP) boliviano, com quase 100% das urnas apuradas.

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De acordo com o último boletim oficial, após a apuração de 99,72% dos votos, o “não” venceu com 51,30%, contra 48,70% para o “sim”. A tendência é irreversível.

Mais de seis dos dez milhões de bolivianos foram às urnas no domingo para decidir sobre uma reforma constitucional. A aprovação do “sim” possibilitaria uma terceira reeleição do presidente, junto com seu vice, Álvaro García Linera.

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Esta foi a primeira derrota eleitoral direta do presidente Evo Morales desde sua chegada ao poder em 2006.

Os resultados oficiais apontam que a rejeição ganhou em seis dos nove departamentos (estados) do país - Potosí, Tarija, Chuquisaca, Santa Cruz, Beni e Pando. Já La Paz, Oruro e Cochabamba votaram a favor da reforma.

A presidente do Tribunal Eleitoral, Katia Uriona, destacou o esforço feito pelo órgão para garantir a rapidez e a precisão na contagem dos votos. A apuração começou pelos centros urbanos até, finalmente, chegar às zonas rurais.

Reações

Para o líder opositor boliviano Samuel Doria Medina, a derrota de Evo Morales deixa como mensagem para a oposição a urgência de se unir. “A principal mensagem a extrair é a da unidade, ou seja, que o caminho da unidade é o de que a Bolívia necessita”, afirmou, insistindo em que “a principal mensagem que a população nos deu é que, se trabalharmos unidos, teremos resultados”.

O resultado exige que “encontremos um mecanismo para manter essa unidade”, acrescentou o líder de centro.

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Doria Medina perdeu duas vezes para Morales - consecutivamente e por uma ampla diferença - na disputa à Presidência do país.

Em sua conta no Twitter, o ex-presidente liberal Jorge Quiroga comemorou: “Bolívia diz NÃO ao autoritarismo. NÃO à corrupção. NÃO ao Chavismo. NÃO ao narcotráfico. NÃO ao desperdício”.

O ex-presidente Carlos Mesa - porta-voz da causa marítima contra o Chile liderada por Morales, mas contrário à extensão de seu governo - tuitou que “o triunfo do NÃO retrata a consciência do país que sabe que o respeito à Constituição limita o poder absoluto dos governantes”. “Presidente, o que o voto dos bolivianos disse é que não há pessoas imprescindíveis, há apenas causas imprescindíveis”.

Mais cedo, a Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) pediu às autoridades que aceitem e respeitem os resultados do referendo de domingo.

“A Missão convida os representantes das diferentes opções e os membros das forças políticas a aceitarem os resultados entregues pelo Órgão Eleitoral Plurinacional, única autoridade competente para esta tarefa”, declarou a OEA em um comunicado à imprensa.

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“Peço, hoje (terça-feira), calma aos partidários das diferentes opções e aos cidadãos enquanto são processados os resultados finais”, completou a organização, corroborando a transparência do processo.

Na segunda-feira, o presidente Evo Morales garantiu que respeitará os resultados do referendo.

Nesta terça, a calma prevalecia nas cidades bolivianas e, em La Paz, as atividades cotidianas eram normais. Salvo um pequeno grupo de ativistas que, na noite de segunda-feira, fez um plantão de poucas horas em frente ao centro de apuração, não houve incidentes.