Bolivianos que não puderam votar nas eleições deste domingo (6) lamentaram a ausência. Eles ficaram impossibilitados de participar do processo eleitoral porque não conseguiram chegar a La Paz devido a um problema na conexão de um vôo que saiu de São Paulo, na noite de sábado, com atraso.
"Isso tem consequências, primeiro porque não poderemos exercitar nosso direito de cidadão ao voto. Segundo, porque há uma sanção que estabelece que quem não vota não poderá exercer transações bancárias; terei de passar por um trâmite para mostrar que não votei por essa circunstância", explicou o economista Napoleón Pacheco.
Segundo o fotógrafo Antonio Soares, o prejuízo não é só como cidadão, mas também econômico, já que pretendia fotografar as eleições e vender para veículos de imprensa. "Perco um dia de trabalho, não poderei votar e perderei tempo indo à Corte para mostrar que estava de viagem", disse. Na sua opinião, a eleição deste domingo é uma das mais importantes, porque o país estava muito polarizado e talvez vá ajudar a acalmar um pouco os ânimos.
Para o jornal La Razon, de La Paz, as eleições são importantes não só por seu componente político, mas também histórico: é a eleição com o maior número de eleitores registrados, será a primeira em que votarão os bolivianos residentes fora do país (no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos e na Espanha) e também a primeira que ocorre tendo como base um moderno padrão biométrico em que foi necessário cadastrar todos os eleitores por meio de fotos e assinatura digital.
O jornal La Prensa também chamou as eleições de históricas, destacando que vão colocar em marcha no país um novo Estado em que a nova Assembléia Plurinacional deverá aprovar mais de 100 leis, entre elas as que dizem respeito ao regime eleitoral e preveem um novo modelo econômico, controlado pelo Estado e reconhecendo a economia coletiva ou comunitária.
Em abril deste ano, a Bolívia enfrentou um período de muita tensão, que incluiu até uma greve de fome do presidente Evo Morales para pedir a aprovação da Lei de Regime Eleitoral Transitório que antecipou as eleições presidenciais para hoje. Os bolivianos de cinco regiões do país (Chuquisaca, Cochabamba, La Paz, Oruro e Potosi) também decidem, neste domingo, se desejam a autonomia dos estados.
Representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União Europeia estiveram ontem (5) em La Paz conversando com o presidente Evo Morales. Eles disseram esperar, segundo a imprensa do Palácio do Governo, um clima de tranquilidade nas eleições.
De acordo com o Palácio, o chefe da missão de observadores da OEA na Bolívia, Horacio Serpa, elogiou o processo eleitoral e disse que ele reflete a maturidade da democracia entre os cidadãos.
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