Uma explosão causada por uma bomba em um avião de passageiros abriu um buraco na fuselagem logo após a decolagem do aeroporto da capital da Somália, Mogadíscio – confirmaram as autoridades locais neste sábado (6).
“Investigações suplementares realizadas por especialistas somalis e internacionais confirmaram que a explosão ocorrida a bordo do avião da Daallo não aconteceu por um problema técnico, mas por uma bomba destinada a destruir a aeronave e matar todos os passageiros”, declarou hoje o ministro somali da Aviação, Ali Ahmed Jama, em entrevista coletiva em Mogadíscio. “As forças de segurança prenderam pessoas suspeitas de estarem envolvidas na colocação da bomba que explodiu no avião”, acrescentou.
“Foi uma desgraça, mas, graças a Deus, apesar desse ato organizado deliberadamente, houve sobreviventes. As perdas se limitaram a um falecimento e duas pessoas feridas”, afirmou o delegado de Polícia Mohamed Hassan Hamud.
Operado pela Daalo Airlines e voando de Mogadíscio para o Djibuti com cerca de 74 passageiros, o avião aterrissou a salvo. Dois passageiros ficaram levemente feridos, disse a Polícia.
Na sexta-feira, as autoridades somalis haviam indicado que um dos passageiros, inicialmente considerado desaparecido, estava morto. A hipótese é que ele tenha sido aspirado para fora do aparelho, devido à despressurização.
Segundo o jornal sérvio Blic, o piloto do Airbus A321, Vladimir Vodopivec, um sérvio de 64 anos, já havia relatado a um amigo que, para ele, a explosão que danificou a fuselagem do interior da cabine para o exterior foi causada por uma “bomba”.
Imagens do avião mostram um buraco de cerca de um metro de diâmetro na fuselagem, pouco acima dos motores sob a asa direita.
Vodopivec disse que a explosão não danificou o sistema de navegação e que, apesar de uma perda de pressurização na cabine, ele conseguiu pousar o avião com segurança.
Imagens gravadas dentro da cabine e postadas nas redes sociais mostram máscaras de oxigênio penduradas no teto, e os passageiros, tirando fotos da parte de trás da cabine onde eles se agruparam.
“O avião de passageiros fez um pouso de emergência logo após sua decolagem na terça-feira, e houve um dano em um lado da aeronave, sobre a asa direita”, informou o chefe da Polícia Mohamed Ise, acrescentando que uma investigação sobre o incidente está em andamento.
“Os passageiros estavam aterrorizados”, disse Abdiwahab Hassan, um funcionário do aeroporto.
“Nossa aeronave encontrou um problema pouco depois da sua decolagem. A aeronave pousou sem problemas e, finalmente, todos os passageiros foram evacuados”, declarou, por sua vez, a companhia aérea Daallo em um comunicado.
O aeroporto de Mogadíscio se tornou uma fortaleza desde o estabelecimento ao lado da principal base da força da União Africana na Somália (Amisom), composta por 22.000 homens e que ajuda o governo somali em sua luta contra os radicais islâmicos shebabs, afiliados à Al-Qaeda.
Expulsos de Mogadíscio em meados de 2011 e, depois, de seus principais redutos no centro e sul da Somália, os shebabs ainda controlam grandes áreas rurais. Nessas localidades, conduzem operações de guerrilha e ataques suicidas - às vezes até mesmo em Mogadíscio - contra os símbolos do governo, ou contra a Amisom.
Em janeiro, eles infligiram um sangrento golpe ao contingente queniano da Amisom, atacando uma base queniana no sudoeste da Somália.
Os shebabs ainda não reivindicaram qualquer ação contra o avião da Daalo.
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