O Brasil defende que seu acordo militar com a França não tem semelhança com o compromisso fechado entre a Colômbia e os Estados Unidos, que prevê a presença de forças americanas em sete bases colombianas por dez anos. Com essa máxima, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá rebater possíveis críticas do presidente Álvaro Uribe, da Colômbia, durante o debate aberto sobre os temas de segurança da América do Sul que ocorrerá na sexta-feira (28) em Bariloche, Argentina, durante a reunião extraordinária de cúpula da União de Nações Sul-americanas (Unasul).
"Não há nenhum problema em se discutir o acordo Brasil e França. Se ele (Uribe) tem o desejo de saber, então, ele vai saber, pois não temos nada a esconder", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao final de encontro com o chanceler do Equador, Falder Falconí, ocorrido nesta segunda-feira (24) em Brasília.
Em visita ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no início de agosto, Uribe detalhou o acordo EUA/Colômbia e assegurou que, se fosse convocado pela Unasul para defendê-lo, exigiria explicações sobre o compromisso na área de defesa firmado entre o Brasil e a França, em dezembro de 2008, e sobre a cooperação militar entre a Venezuela e o Irã.
No encontro da Unasul em Quito, em 10 de agosto, os líderes presentes concordaram com a agenda aberta da reunião de Bariloche, que abarcaria também o combate ao tráfico de drogas e de armas - temas que permitem o reforço das acusações do governo colombiano de que a Venezuela e o Equador apoiam as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Mas Uribe não estava presente.
Neste domingo (23), no Itamaraty, esse compromisso foi reafirmado por Falconí, que afirmou ter recebido a confirmação da chancelaria colombiana de que Uribe irá a Bariloche. Como meio de tranquilizar a Colômbia sobre a orientação não acusatória desse encontro, o chanceler equatoriano ressaltou que "ninguém se sentará no banco dos réus". "Não há nenhum tema vetado. Todos os temas de segurança tem de ser tratados pelos presidentes", afirmou Falconí.
O próprio Amorim considerou necessário que nenhum tópico seja varrido para "debaixo do tapete". Entretanto, indicou que o acordo EUA/Colômbia deva estar no centro das discussões da Unasul, neste momento, porque a "presença de uma força estrangeira na América do Sul pode trazer, para a região, problemas que não são seus".
Conforme assinalou, essa é a principal preocupação do Brasil. O tema poderá ser discutido novamente em uma reunião da Unasul com o presidente americano, Barack Obama, que foi convidado por Lula Ainda não há resposta de Washington.
Segundo o chanceler, os países da Unasul não devem imaginar que, na reunião de Bariloche, será resolvido completamente o atual impasse porque não há certeza de que o governo Uribe estará preparado para fornecer "garantias jurídicas" de que as forças americanas não invadirão o território dos países vizinhos.
Para Amorim, se as declarações dadas por autoridades colombianas fossem transcritas para uma nota diplomática, a Unasul já teria a garantia que exige. "Pedir garantia não é desconfiar da palavra de ninguém. É um procedimento normal nas relações internacionais", observou.
Honduras
Amorim disse ainda que o governo de facto de Honduras condena o país a "um isolamento que não merece", se não atender ao apelo e às pressões da comunidade internacional em favor do retorno do presidente Manuel Zelaya a suas funções.
Amorim acrescentou que espera que a missão de chanceleres de países da Organização dos Estados Americanos (OEA) tenha sucesso em sua tarefa de convencer o governo de facto.
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