Representantes dos governos brasileiro e norte-americano assinaram esta tarde, em Washington, um acordo de cooperação bilateral na área de Defesa. Entre outras coisas, o documento de três páginas prevê a possibilidade de os dois países realizarem treinamentos militares conjuntos e facilidades às negociações comerciais de equipamentos e armamentos.

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Além disso, o próprio embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, reconheceu nesta segunda-feira (12) que o tratado pode "facilitar" as negociações entre a Boeing e o governo brasileiro para a compra dos caças Super Hornet, ao invés do modelo francês ou sueco, que também disputam a preferência brasileira.

O embaixador, no entanto, fez questão de destacar que o "acordo é mais importante que a simples negociação de caças", tendo sido discutido ao longo de sete anos.

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Durante a entrevista para explicar a base do acordo, Shannon negou que o acordo trate da instalação de uma base militar norte-americana no Rio de Janeiro. "O propósito do acordo é promover a cooperação bilateral e não abrir espaço para bases militares. Para nós, ele é um passo importante e histórico na relação entre os Estados Unidos e o Brasil. Ele constrói uma estrutura para melhorar o diálogo entre os dois países na área de Defesa".

O embaixador lembrou que o último acordo militar assinado pelos dois países é de 1952 e foi anulado pelo governo brasileiro em 1977, durante o governo militar de Ernesto Geisel. Desde então, eventuais colaborações militares foram por meio tratados pontuais e específicos.

Na avaliação de Shannon, o acordo assinado nesta segunda-feira abre a possibilidade de novos tratados em áreas de interesse comum. Quando perguntado sobre o que os Estados Unidos teriam interesse de aprender ou adquirir do Brasil, o embaixador citou a experiência adquirida pelo país ao liderar a missão de estabilização da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti e a possibilidade de a força aérea norte-americana adquirir aviões da Embraer.

"O Brasil mostra no Haiti que tem uma capacidade de não apenas manter a ordem pública, mas também de usar a segurança para promover o desenvolvimento. Há poucos países que demonstram essa capacidade", disse o embaixador, revelando que a Força Aérea norte-americana estuda propostas comercias para comprar novos aviões. "Precisamos de um avião com as características do Super Tucano, reconhecido como uma boa aeronave, mas há outros aviões concorrendo e estamos explorando as várias possibilidades".

Em nota divulgada na semana passada, o Ministério das Relações Exteriores frisou que o documento firmado com os Estados Unidos tem semelhança com outros 28 acordos de cooperação em Defesa e 29 protocolos bilaterais em vigor. Além disso, o documento contém cláusulas expressas que asseguram o respeito aos princípios de igualdade soberana dos Estados.

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