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ONU

Brasil lidera América Latina no apoio aos palestinos

Boa parte da América Latina, liderada pelo Brasil, reafirmou esta quarta-feira na Assembleia Geral das Nações Unidas seu apoio ao pedido imediato de reconhecimento do Estado palestino na ONU, embora Colômbia e México tenham se declarado contrários à iniciativa, pedindo uma solução negociada com Israel.

A presidente Dilma Rousseff abriu os debates em Nova York com uma forte mensagem neste sentido.

"O Brasil já reconhece o Estado palestino como tal, nas fronteiras de 1967, de forma consistente com as resoluções das Nações Unidas. Assim como a maioria dos países nessa Assembleia, acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título", disse a presidente em seu discurso, antes de o colega americano, Barack Obama, rejeitar a iniciativa.

Para Dilma, o reconhecimento do Estado palestino "é um direito legítimo do povo palestino à soberania; e a autodeterminação amplia a possibilidade de uma paz duradoura no Oriente Médio".

"Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional", disse a presidente brasileira.

No mesmo tom que Rousseff, a presidente argentina, Cristina Kirchner, assegurou que impedir que os palestinos tenham seu Estado é "continuar dando pretexto" ao terrorismo.

"A não inclusão da Palestina neste ano, longe de dar maior segurança ao mundo, vai criar maior insegurança", declarou Kirchner.

O presidente paraguaio, Fernando Lugo, instou a Assembleia Geral da ONU a responder à "dívida histórica" com os palestinos e aceitar seu pedido de adesão, assegurando também que isto servirá de "aporte" para a paz no Oriente Médio.

"Estamos convencidos de que isto representa a consagração de uma dívida histórica internacional com o legítimo direito do povo palestino a contar com um Estado próprio, com suas fronteiras devidamente definidas", afirmou.

O presidente boliviano, Evo Morales, declarou que as "intervenções" e "violações dos direitos humanos" de Israel contra os palestinos são algumas das "razões" do direito destes últimos a terem um Estado reconhecido pela ONU.

O colega hondurenho, Porfirio Lobo, cujo governo reconheceu o Estado palestino em 26 de agosto passado, disse que "a paz se fundamenta não só no respeito aos direitos humanos, mas também no direito dos povos e das nações".

"Meu governo reconheceu a Palestina como Estado e se identifica com suas aspirações legítimas de chegar a ser membro de pleno direito no concerto das nações", disse Lobo.

Apesar da contundência, o apoio não foi unânime na região. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e seu colega mexicano, Felipe Calderón, se alinharam aos Estados Unidos ao defender um aval prévio de Israel a esta questão.

Calderón advertiu na tribuna de líderes mundiais que qualquer saída para o conflito no Oriente Médio deve ser "politicamente viável" e produto de uma negociação que garanta a convivência entre israelenses e palestinos.

"A ONU tem a responsabilidade de contribuir construtivamente para resolver de forma pacífica este conflito", destacou.

O colombiano Santos usou palavras similares, ao afirmar que o diálogo direto entre israelenses e palestinos é "o único caminho" para a paz.

"Avanços podem ser alcançados apenas privilegiando o diálogo direto e a mediação efetiva. Exortamos, imploramos às partes que voltem às negociações o mais rápido possível", afirmou.

Brasil, Argentina, Equador, Cuba, Venezuela, Nicarágua, Guiana, Paraguai, Costa Rica e El Salvador reconheceram o Estado palestino livre e independente com as fonteiras de 1967.

Já Chile, Uruguai, Peru e Honduras o reconheceram, mas sem menção às suas fronteiras, enquanto o México manifestou seu apoio, mas sem um reconhecimento explícito.

Brasil e Colômbia são atualmente dois dos dez membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU, e por isso sua posição pode ser fundamental para que a causa palestina avance ou seja bloqueada neste órgão.

Os palestinos precisam ali de nove votos de um total de 15 e nenhum veto dos membros permanentes (EUA, França, Grã-Bretanha, China e Rússia) para que sua demanda de adesão à ONU seja levada à Assembleia Geral.

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