O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirmou nesta sexta-feira (11) que o governo brasileiro vê com "muita simpatia" o fortalecimento do movimento democrático no Egito. Segundo ele, a expectativa internacional é que a transição política no país africano ocorra "sem derramamento de sangue e com respeito aos direitos humanos".
Mais cedo, o Itamaraty afirmou, em nota, que espera uma mudança de poder pacífica, embasada em um "diálogo democrático". Nesta sexta-feira, o presidente e o vice-presidente do Egito, Hosni Mubarak e Omar Suleiman, renunciaram, depois de 18 dias de protesto contra o governo. Mubarak ficou quase 30 anos no poder.
Para Garcia, a situação política do Egito não é um assunto encerrado. "Hoje, houve uma vitória importante das manifestações populares, que foi a saída do presidente Mubarak. Temos que ver o que vai ocorrer neste momento. Queremos que se constitua um quadro de transição profundamente democrática."
Garcia disse que a presidenta Dilma Rousseff foi informada sobre a renúncia de Mubarak no início desta tarde e ainda não falou com a Embaixada do Egito no Brasil. De acordo com o assessor, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, está tratando do assunto com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e outros líderes internacionais. Patriota está em Nova Iork presidindo a sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a Interdependência entre Segurança e Desenvolvimento.
"Acredito que, em função do que houve até agora, é muito difícil que a vontade das ruas seja confiscada", disse o assessor internacional da Presidência. Segundo ele, quem não ouviu as ruas é porque estava surdo, e essa surdez custou caro. "Acho que as ruas fizeram sua voz ser escutada de forma muito enfática. Tanto assim que toda uma série de tentativas de conter o movimento sucumbiram", afirmou Garcia.
Ele ressaltou que o Brasil está disposto a firmar acordos comerciais com o Egito após a transição de governo. "Acreditamos que, passada essa pequena turbulência, o Mercosul vá concluir o acordo comercial com o Egito. Queremos que isso se mantenha."
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