O governo brasileiro confirmou que o catarinense Jonatan Moisés Diniz, 31, preso em 27 de dezembro na Venezuela, foi libertado neste sábado (6) e está em um avião com destino a Miami. Ele havia sido capturado pelo Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência, a polícia política da ditadura de Nicolás Maduro) e estava na prisão da sede da agência, em Caracas, conhecida por abrigar opositores ao regime.
O brasileiro havia sido encarcerado sob a acusação de pertencer a uma organização criminosa com outros três venezuelanos no Estado de Vargas (norte). A prisão foi anunciada pelo número dois do chavismo, Diosdado Cabello.
O Brasil só havia sido informado pelas autoridades venezuelanas sobre o paradeiro de Diniz na sexta (5). Desde então, intensificou sua ação junto à ditadura chavista, enquanto conversava com familiares do brasileiro.
Segundo a Folha apurou, o governo brasileiro argumentou com o regime de Maduro que Diniz não tinha nenhuma atuação política na oposição, estava no país apenas para distribuir brinquedos.
O Itamaraty vinha fazendo gestões com o governo venezuelano desde o anúncio de Cabello. O embaixador do Brasil em Caracas, Rui Pereira, foi expulso do país, mas há diplomatas na embaixada que vinham atuando nas negociações, além do gabinete do ministro, em Brasília.
A família nega que ele tivesse cometido qualquer crime e estivesse no país como um espião da CIA, como Cabello havia acusado ao anunciar a prisão. Segundo seus parentes, o catarinense estava no país para fazer caridade.
Diniz mora em Los Angeles e havia chegado à Venezuela no início de dezembro. No mesmo período, pediu doações a seus seguidores nas redes sociais para comprar comida e brinquedos para crianças e moradores de rua.
As contribuições eram pedidas também em nome de uma organização chamada Time to Change the Earth, cuja única referência existente são páginas em redes sociais criadas em novembro pelo próprio brasileiro.
Para Cabello, a suposta ONG buscava obter “financiamento” e “detectar objetivos estratégicos”. Tomando por base a residência do catarinense nos Estados Unidos, o dirigente o acusou de trabalhar para a CIA.
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Como provas para embasar sua prisão, apresentou bonés da ONG e postagens de Diniz a favor dos protestos contra Maduro, a maioria delas datada do período entre maio e agosto, auge das manifestações.
Na mesma época, Diniz morava em Caracas. Pela lei venezuelana, estrangeiros podem ser expulsos se violarem a segurança da população, a ordem pública ou cometerem delitos contra os direitos humanos.
A Constituição fixa que eles não têm direitos políticos salvo se obtiverem a cidadania, o que poderia ser estendido a protestos -a regra é a mesma do Brasil e de países como Chile, México e Equador.