
Os brasileiros que estão presos no Chile desde o último sábado, quando o terremoto provocou o fechamento do aeroporto em Santiago, afirmam que a embaixada brasileira os tem deixado à deriva. Sem informações sobre voos para o Brasil, os viajantes reclamam do atendimento prestado pela representação diplomática e questionam os critérios que resultaram na retirada dos primeiros brasileiros do Chile em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).
"A única coisa que a embaixada faz é pedir que a gente tenha paciência. Não nos ajudaram em nada até agora, nem dão informação. A gente é que pesquisa as notícias na internet e passa para eles, como se estivéssemos trabalhando para a embaixada", reclama o fotógrafo paulista Felipe de Azevedo, de 20 anos. Com passagem remarcada apenas para a próxima segunda-feira, Azevedo teme pela falta de dinheiro provocada pela estadia prolongada. "Após pagar as diárias do hotel, sobraram R$ 50 no meu bolso. Pedi ajuda à embaixada e eles alegaram que, por haver 5 mil brasileiros no país, só poderão ajudar caso ocorra uma situação extrema", relata.
A embaixada possui uma lista com 400 interessados em deixar o país em um dos aviões da FAB que partem rumo ao Chile carregando equipamentos para ajudar os atingidos pelo terremoto. "Só que a gente não sabe qual é o critério utilizado para selecionar aqueles que vão primeiro. Dizem que a prioridade é para gestantes, idosos e crianças, mas vimos notícias de pessoas que não se enquadravam neste perfil e mesmo assim embarcaram", conta a estudante mineira Thaís Christina Santos, de 23 anos. Ela se refere à retirada de 12 brasileiros do Chile, ocorrida no domingo, em um avião da Aeronáutica que havia levado autoridades chilenas que estavam no Brasil. Dentre os resgatados se encontrava uma jovem que morava em Santiago há dois meses e turistas com hospedagem garantida no país.
O Ministério das Relações Exteriores informou ontem que, a partir de amanhã, as vagas em aviões da FAB podem aumentar significativamente. A ida de "5 a 6 aeronaves" da FAB transportando um hospital de campanha a ser instalado no Chile deve propiciar carona de volta aos brasileiros isolados no país.
A assessoria de imprensa do órgão ressalta, porém, que o Chile continua fazendo os procedimentos de checagem de passageiros que deixam o país, o que pode dificultar a retirada dos brasileiros. Questões logísticas da FAB também podem interferir no embarque dos viajantes.