O brasileiro Renato Meireles estava no trabalho, a 400 metros da Lindt Chocolat Cafe, em Sydeny, quando a cafeteria foi tomada por um sequestrador supostamente islâmico. Meireles, de 32 anos, recebeu ordens para deixar o trabalho e vários escritórios do edifício e das imediações foram esvaziados. Ele relatou um sentimento de espanto e incerteza.
"Quando saímos do prédio, tinha acabado de ser divulgada a noticia de que os principais pontos turísticos seriam esvaziados. Todos os visitantes foram retirados nos arredores da Opera House, que fica perto da cafeteria", contou Meireles, gerente da Bravo Migration, uma agência especializada em imigração.
Ele já havia frequentado a Lindt Chocolat Cafe várias vezes, e a empresa onde trabalha também é cliente da cafeteria. Segundo Meireles, o agressor escolheu um ponto estratégico.
A Lindt Chocolat Cafe fica na Martin Place, na esquina contrária à de um dos maiores canais de TV da Austrália, o Channel 7. O local concentra a sede de bancos, shoppings, lojas de marca, além de ser o principal corredor de ônibus que liga partes da cidade ao centro e às regiões mais turísticas da cidade Opera House, The Rock, Hide Park e Eye Tower.
A Austrália está em alerta desde que o governo expressou a preocupação de que cidadãos que combatem ao lado de jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e na Síria possam retornar ao país mais radicais e capazes de realizar ataques.
Meireles mora em Sydney há três anos com a mulher e a filha. De acordo com o brasileiro, o temor de ataques tem unido os australianos. "Como existe uma comunidade muçulmana grande, existe o medo de retaliação. Mas aqui se convive bem com as diferenças e mensagens positivas estão sendo difundidas. Ao verem mulheres com vestimentas muçulmanas, as pessoas, em vez de se afastarem, aproximaram-se com o intuito de acompanhá-las pra casa pra não sofrerem abuso ou bullying. Apesar do medo, o que se está espalhando são mensagens de que a Austrália é maior que um atentado terrorista", diz.
Ação policial
Quando o brasileiro Daniel Rampini, 29, chegou ao trabalho na manhã de segunda (15), (noite de domingo, 14, em Brasília) viu policiais com armas em punho na Martin Place, no distrito comercial de Sydney. Rampini passou em frente ao Lindt Chocolate Cafe, onde um número desconhecido de pessoas é mantido refém em um suposto ato terrorista.
"Eu passei por ali bem na hora que os policiais estavam chegando. Eram 9h50", disse à reportagem. Apesar de a cidade estar vazia, Rampini diz que a recomendação do governo é ter vida normal. "A cidade está tranquila, não há um clima de tensão", garante.
"Nas principais ruas comerciais, algumas lojas estão fechadas. Mas o metrô funciona normalmente", disse. Rampini, que trabalha em um restaurante a um quarteirão do café, ficou preso no prédio até que foi orientado pelos seguranças a deixar o local, sem poder retornar.
O brasileiro passou o dia fotografando o local, mas as ruas mais próximas ao café Lindt foram bloqueadas pela polícia. Uma bandeira símbolo da jihad foi exibida na janela do café. Segundo a mídia local, o sequestrador pede uma bandeira do Estado Islâmico. Cinco reféns conseguiram sair do café.
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