• Carregando...
Primeiro-ministro britânico Gordon Brown participou de reunião sobre a guerra do Iraque nesta sexta-feira (5) | Reuters
Primeiro-ministro britânico Gordon Brown participou de reunião sobre a guerra do Iraque nesta sexta-feira (5)| Foto: Reuters
  • Manifestante protestou contra a invasão britânica ao Iraque enquanto Gordon Brown discursava sobre a guerra

O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, disse nesta sexta-feira que a decisão de invadir o Iraque foi justificada, mas afirmou, à comissão que avalia a participação britânica nessa guerra, que os Estados Unidos não levaram em consideração as advertências sobre o caos e a violência que ocorreria assim que Saddam Hussein fosse deposto.

Em quatro horas de apresentação de evidências no inquérito sobre a participação do país na guerra - antes das eleições nacionais britânicas que se aproximam - Brown repetidamente expressou pesar sobre a perda de soldados e civis, e reconheceu que erros foram cometidos pelos líderes em Washington e Londres.

Brown, que foi ministro de Finanças entre 1997 e 2007 e aprovou os gastos militares, negou firmemente as acusações de que tenha cortado os orçamentos de defesa britânicos ou permitido que os soldados fossem para a guerra sem equipamentos adequados.

Defendendo seu papel no conflito, mas cauteloso em não inflamar as tensões sobre a guerra impopular antes da campanha para as eleições britânicas, o líder insistiu que se juntar à invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003 foi uma decisão difícil.

"Temos de reconhecer que a guerra pode ser necessária, mas é também trágica no efeito que tem sobre as vidas das pessoas", disse Brown, que votou, como fez a maioria dos legisladores britânicos, pela aprovação da participação britânica na guerra.

"Essas foram decisões difíceis", disse Brown. "Eu acredito que foram decisões corretas por razões corretas. "

O inquérito é o terceiro e mais abrangente exame britânico sobre o conflito, que deu início a grandes protestos na Grã-Bretanha e matou 179 soldados britânicos antes de as forças do país deixarem o Iraque no ano passado. A investigação não vai apontar culpados ou estabelecer responsabilidades, mas vai resultar em recomendações, até o final do ano, sobre como evitar erros futuros.

Brown inicialmente parecia nervoso quando começou seu testemunho, brincando com sua jaqueta e uma pasta de couro que continha um grosso volume de papel, mas logo relaxou e até sorriu para a plateia.O testemunho de Brown ocorre após as declarações de seu antecessor Tony Blair, feitas em janeiro.

Ao contrário de Blair, que manteve o apoio à invasão e afirmou que Saddam era uma ameaça a todo o mundo, Brown disse acreditar que a guerra foi justificada porque Bagdá não respeitou as regras internacionais e recusou-se a obedecer as resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU).

Ele afirmou que o Iraque representou o primeiro teste sério ao mundo pós Guerra Fria e disse que qualquer fracasso em depor o líder iraquiano poderia encorajar outros ditadores e ter dado início a tensões globais.

Brown disse que a partir de junho de 2002 ele se concentrou em delinear planos para reconstrução pós-guerra e acusou os Estados Unidos de falhar nos projetos sobre como reconstruir e governar o país após a invasão.

"Eu lamento não ter sido capaz de pressionar os americanos sobre esta questão, de que o planejamento para a reconstrução era essencial, da mesma forma que o planejamento para a guerra", disse Brown. Ele disse ter escrito um documento listando os planos de reconstrução britânicos e tê-lo enviado para o governo dos Estados Unidos no início de março de 2003.

Brown também tentou se distanciar do então presidente George W. Bush, dando a entender que suas relações eram "amigáveis" e criticou a doutrina de alguns membros do governo Bush. "Eu nunca aderir ao que vocês podem chamar de proposição neoconservadora segundo a qual, com uma arma apontada para a testa, do dia para a noite, haverá liberdade e democracia", afirmou ele

Brown reconheceu que embora tenha tido um papel importante na guerra do Iraque, não foi convidado para algumas importantes reuniões e não teve conhecimento dos detalhes das cartas trocadas entre Blair e Bush. "Eu tinha conversas regulares com Tony Blair e conversamos sobre essas questões, mas não tenho cópias dessas cartas e não conheço o teor exato das conversas".

Críticos acusaram Brown de ter cortado orçamentos militares, o que significaria que as tropas não tinham equipamentos no Iraque e Afeganistão. O general Michael Walker, ex-chefe das Forças Armadas britânicas, disse numa audiência anterior que graduados chefes militares ameaçaram deixar seus cargos durante uma disputa sobre recursos com Brown em 2004.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]