O presidente George W. Bush alertou na segunda-feira o Congresso dos Estados Unidos a não alimentar temores com fins eleitorais contra a sua proposta para a imigração. O apelo foi feito num dia de barulhentas manifestações em San Francisco, Los Angeles e Detroit.

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No Congresso, os senadores buscam emendas que conciliem a segurança nas fronteiras à possibilidade de que milhões de estrangeiros se instalem e trabalhem legalmente nos EUA. Isso abre um conflito com a Câmara, onde a maioria republicana já se manifestou contra incentivos legais à imigração.

Bush usou uma cerimônia de concessão de cidadania americana a 30 estrangeiros para defender o seu plano de criar um programa temporário de empregos para imigrantes. Ele pediu aos deputados e senadores que se guiem pelo espírito público no debate, que dividiu o partido governista.

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- Ninguém deve explorar os medos das pessoas ou tentar lançar um vizinho contra o outro - disse Bush. - Ninguém deve fingir que os imigrantes sao uma ameaça à identidade americana, porque os imigrantes formaram a identidade dos Estados Unidos.

Bush tem a menor popularidade de seus dois mandatos e o seu Partido Republicano pode enfrentar dificuldades em manter a maioria no Congresso, nas eleições de novembro. Há algumas semanas, ele enfrentou uma rebelião republicana por causa de uma proposta, afinal abandonada, de transferir o controle de seis portos dos EUA a uma estatal árabe.

- Completar uma lei "de imigração" abrangente nao será fácil. Exigirá de todos nós em Washington que tomemos decisões difíceis e façamos acordos.

A Câmara aprovou em dezembro uma lei de fronteiras que prevê a construção de uma cerca na fronteira EUA-México e exige que os patrões verifiquem a situação jurídica de seus funcionários. O projeto também torna crime viver ilegalmente nos EUA e não inclui o programa de "trabalhadores convidados", como quer Bush.

A decisao da Câmara levou milhares de manifestantes, a maioria hispânicos, às ruas. Na segunda-feira, havia cerca de 4 mil pessoas protestando em Detroit e milhares em San Francisco e Los Angeles, onde no sábado já ocorrera passeata com cerca de 200 mil manifestantes. Mais de 20 imigrantes e simpatizantes estão acampados há uma semana num prédio público de San Francisco, em greve de fome.

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- Simbolicamente, eles estão colocando sua vida em perigo porque os imigrantes fazem isso todo dia - disse Robert Palmer, da Coalizão dos Direitos de Imigrantes da Bay Area (onde fica San Francisco).

A Comissão de Justiça do Senado corre contra o relógio para definir um projeto que concilie o controle das fronteiras à liberalização da imigração. Pelo projeto, seria criado um programa de trabalhadores temporários, como quer Bush, para ajudar os patrões a preencherem vagas que os americanos não querem ou para as quais não são qualificados. Caso a comissão não chegue a um acordo até terça-feira, o líder da maioria, Bill Frist, apresentará seu próprio projeto.

- Os Estados Unidos precisam de fronteiras seguras - disse Frist, pré-candidato à presidência em 2008. - Neste momento, não as temos.

A opiniao pública está divida. Grupos de imigrantes, sindicatos e alguns patrões querem uma ampla reforma, que dê aos imigrantes hoje ilegais o direito de residência e, posteriormente, a cidadania americana. Mas muitos republicanos conservadores, que normalmente apóiam Bush, acham que a proposta é uma forma de anistia, que recompensaria gente que teve um comportamento ilegal.

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