Conflito na Geórgia se agrava apesar do cessar-fogo anunciado
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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, voltou a pedir à Rússia para que cumpra o acordo de paz estipulado nesta terça-feira (12) e respeite a integridade territorial da Geórgia.
"Peço que se respeite a integridade territorial da Geórgia e que se cumpra o cessar-fogo", disse, após ficar durante quase quatro horas na sede da CIA (agência de inteligência dos EUA), onde recebeu informação sobre a guerra contra o terror e os últimos eventos na Geórgia. Bush destacou que deseja ouvir de primeira mão, através da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, como avançam os esforços de mediação da comunidade internacional em torno do conflito entre Geórgia e Rússia.
Ela chegará na sexta-feira a Tbilisi, onde apresentará ao presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, uma série de documentos, já negociados com o presidente russo, Dmitri Medvedev, destinados a consolidar a trégua e permitir avançar para a resolução do conflito.
ONU
O embaixador da Rússia perante a ONU, Vitaly Churkin, pôs em dúvida que o projeto de resolução no qual o Conselho de Segurança das Nações Unidas trabalha para colocar fim ao conflito na Geórgia garanta a integridade territorial do país.
"As ações do presidente (georgiano, Mikhail) Saakashvili criaram uma nova realidade que gera novos problemas em matéria de integridade territorial e que devem ser levados em conta" na elaboração da resolução para implementar o plano de paz apresentado pela França, disse Churkin em entrevista coletiva.
Recuo
As tropas russas parecem estar recuando na Geórgia, de volta para as regiões separatistas da Abkházia e da Ossétia do Sul, disse nesta quinta (14) o secretário norte-americano de Defesa, Robert Gates.
O subchefe do Estado-Maior Conjunto, general James Cartwright, que acompanhou Gates em entrevista em Washington, disse que, "em termos gerais", a Rússia parece estar cumprindo os termos do cessar-fogo.
Gates disse que a ofensiva russa na Geórgia está tendo "implicações sérias" nas relações bilaterais de segurança entre Washington e Moscou, que poderiam "durar por anos".
Mas ele ressaltou que os EUA não pretendem começar uma nova "guerra fria" (período de tensão diplomática entre os blocos capitalista, liderado pelos EUA, e comunista, liderado pela então União Soviética, iniciado após a Segunda Guerra e que durou até a queda do Muro de Berlim, em 1989).
Gates também descartou a possibilidade de uma intervenção militar americana no conflito, iniciado na quinta-feira passada (7) quando tropas da Geórgia invadiram a região separatista da Ossétia do Sul, o que provocou a reação russa e combates em território georgiano.
Dois aviões militares C-17 com ajuda humanitária dos Estados Unidos chegaram à Geórgia. A carga contém berços, cobertores e remédios para os refugiados.
Tensão em Gori
Homens armados ameaçaram nesta quinta-feira (14) empregados das Nações Unidas em Gori e roubaram os dois veículos em que eles viajavam, disse à France Presse um representante da entidade.
Os funcionários, que viajavam num comboio de três veículos, tiveram de abandoná-los sob a mira de uma pistola, informou o coordenador da ONU na Geórgia, Robert Watkins.
O clima continua tenso em Gori, apesar de as tropas russas terem começado o processo de transferência do controle da cidade para a Geórgia, segundo o Ministério do Interior da Rússia. As autoridades também anunciaram que estariam abandonando a cidade, a partir da rodovia Leste-Oeste.
A AFP informa que o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Geórgia, Nato Chikovani, disse as forças russas estão reforçando seu efetivo em Gori e retomando posições em Poti. Segundo fontes da agência, as tropas estão "destruindo" a cidade de Gori.
De acordo com a agência Associated Press, pelo menos cinco explosões foram ouvidas na cidade nesta quinta.
Gori está estrategicamente localizada a 15 km ao sul da Ossétia do Sul, região onde os separatistas russos e os georgianos lutaram desde quinta-feira passada (7).
Há relatos de que a cidade está parcialmente destruída e foi saqueada, e parte da população fugiu, principalmente rumo à capital, Tbilisi.
Rússia apóia separatistas
A Rússia vai apoiar a posição das regiões separatistas georgianas da Ossétia do Sul e da Abkházia em conversas sobre o status futuros dessas áreas, disse o presidente russo, Dmitry Medvedev, segundo agências de notícias.
Medvedev se encontrou com os líderes separatistas das duas regiões no Kremlin, para assinar um plano de seis pontos para terminar as hostilidades, com mediação da França, segundo agências.
"Por favor, saibam que a posição da Rússia não mudou. Nós vamos apoiar quaisquer decisões tomadas pelos povos da Ossétia do Sul e da Abkházia... e não somente apoiá-las, mas iremos garanti-las tanto no Cáucaso quanto no resto do mundo", disse Medvedev segundo a agência Interfax.
CEI
O Parlamento da Geórgia aprovou por unanimidade a saída do país da CEI (Comunidade de Estados Independentes), grupo diplomático liderado pela Rússia que agrupa as ex-repúblicas soviéticas. A saída foi em resposta ao ataque russo ao país.
Criada em dezembro de 1991, a Comunidade dos Estados Independentes é uma organização que envolve 12 países que faziam parte da antiga União Soviética em interação com base em igualdade de soberania.
O grupo supranacional inclui Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Kazaquistão, Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Tucomenistão, Ucrânia e Uzbequistão, além da Geórgia, que anunciou sua saída.
Em setembro de 1993, os líderes da CEI assinaram um acordo para a criação de uma união econômica para aumentar a integração entre as nações, permitindo o livre comércio, além de uma política monetária coordenada. Vários dos países também elaboraram outros acordos econômicos bilaterais e de grupo.
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