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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse nesta segunda-feira estar preocupado com os rumores sobre uma guerra civil no Iraque, o que desperta especulações de que o próprio Bush estaria se convencendo disso e preparando uma estratégia de saída.

O governo insiste há meses que o Iraque não está descambando para uma guerra civil, apesar da violência sectária que matou centenas de milhares de iraquianos.

- Ouço falar muito em guerra civil - disse Bush em entrevista coletiva. - Estou preocupado com isso, é claro - afirmou, ressalvando que considera "absolutamente errada" uma retirada imediata.

No começo do mês, comandantes norte-americanos reconheceram que uma guerra civil no Iraque pode ser iminente. Ao usar a expressão "guerra civil" e admitir uma certa e indefinida preocupação, Bush pode estar concordando com isso.

Ned Walker, que foi embaixador dos EUA no Egito e em Israel, disse que os comandantes militares só falariam em guerra civil se tivessem autorização da Casa Branca. Para ele, Bush pode estar testando a opinião pública ao pronunciar esse termo.

Walker acha, porém, que se trata de uma aposta arriscada, pois pode ampliar a pressão para que Bush retire as tropas do Iraque, especialmente num momento em que a Casa Branca chama a atenção para uma suposta ameaça nuclear de Teerã.

- Se vamos para (atacar) o Irã, é preciso ter a capacidade de sair de lá (do Iraque) - afirmou o ex-diplomata.

Ele lembra que o combate ao terrorismo, com impacto direto nos EUA, é o principal argumento de Bush para a ocupação, mas que dificilmente a opinião pública estaria tão disposta em ver o país envolvido numa guerra civil.

O Departamento de Estado não quis comentar o discurso de Bush, mas alguns funcionários do governo admitiram que estão buscando orientações.

- O Iraque é uma enorme bagunça - disse uma importante fonte oficial, sob anonimato. - O verdadeiro problema é que os iraquianos estão se voltando uns contra os outros - disse ele na semana passada.

Shibley Telhami, especialista em Oriente Médio, acha que a credibilidade de Bush está em xeque e que ele não pode mais recorrer a "desmentidos e distorções" a respeito do Iraque.

Para ele, a crise no Líbano e a ameaça nuclear do Irã aumentaram a pressão pela retirada norte-americana do Iraque, mesmo entre os neoconservadores que apoiaram a ocupação, em 2003.

- Há uma sensação de que o público norte-americano não contemplaria um confronto com o Irã enquanto os EUA estiverem presos no Iraque - afirmou Telhami, da Brookings Institution.

Outro especialista, James Phillips, da Heritage Foundation, acha que o discurso de Bush não significa muita coisa.

- Não acho que indique um amolecimento. Ele declara que continua comprometido com sua visão de um Iraque democrático, mas há uma maior apreciação de que muitas facções em disputa parecem mais dispostas a se matar umas às outras.

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