A campanha para manter o Reino Unido na União Europeia se intensificará nesta segunda-feira (9). O primeiro-ministro britânico, David Cameron, vai evocar sucessos militares recentes da Grã-Bretanha como prova da necessidade de manter a nação na vanguarda dos assuntos europeus.
Com pouco mais de seis semanas até a realização do referendo sobre a continuidade da adesão do Reino Unido à UE, aqueles que defendem a saída britânica do bloco de 28 países também aumentam seus esforços para convencer os britânicos a votar pela retirada. O ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, um dos políticos mais proeminentes que apoiam a campanha para o país deixar a UE, também fará um discurso nesta segunda, reforçando os argumentos para a chamada Brexit, na votação prevista para 23 de junho.
Cameron pretende argumentar que o interesse nacional da Grã-Bretanha será melhor servido ao permanecer como um membro da UE. O primeiro-ministro vai ressaltar que o Reino Unido tem sido um componente central do bloco, e vai lembrar que sempre que o país virou as costas ao continente no passado, “mais cedo ou mais tarde, o Reino Unido veio a se arrepender”.
A expectativa é que, no discurso, Cameron faça referência ao papel da Grã-Bretanha em conflitos históricos, incluindo as duas guerras mundiais e as batalhas de Trafalgar e Waterloo. O político também planeja dizer que a UE tem ajudado a reconciliar os países “que estavam em conflito havia décadas”, e que o Reino Unido tem “um interesse nacional fundamental na manutenção de um propósito comum na Europa, para evitar futuros conflitos entre países europeus”.
Suas observações representam um esforço renovado pelo grupo pró-UE para reforçar sua causa como uma opção patriótica, em um debate que divide os eleitores. As pesquisas de opinião mostram essa divisão, com uma pequena vantagem para a opção de aderir ao bloco.
Os defensores da retirada britânica da UE, que incluem outras figuras importantes do partido conservador de Cameron, dizem que a posição internacional do Reino Unido será reforçada por abandonar o bloco. Eles argumentam que no exterior da UE, o Reino Unido, a quinta maior economia do mundo e membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, será capaz de negociar seus próprios acordos de livre comércio e perseguir os seus próprios objetivos de política externa, sem a interferência de Bruxelas.
Neste domingo (8), líderes políticos de ambos os lados apresentaram cenários econômicos contrastantes sobre a vida fora do bloco. O chefe do Tesouro do Reino Unido, George Osborne, disse à emissora ITV PLC que sair do mercado único de bens e serviços da União Europeia seria “catastrófico” para a subsistência dos britânicos. Enquanto isso, o secretário de Justiça Michael Gove, um apoiador do Brexit, disse à British Broadcasting que a integração europeia tem prejudicado as economias da região, e que o Reino Unido se desenvolveria melhor fora da União.
Suas observações ocorrem após a divulgação de dados econômicos e pesquisas, que sugerem que a economia desacelerou na fase que antecede a votação. Na última quinta-feira, o Banco da Inglaterra anunciou um novo conjunto de previsões trimestrais para a economia britânica. Economistas esperam que esses dados reforcem a mensagem recente do governo de que a incerteza sobre o resultado do referendo está prejudicando gastos e investimentos.