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Caminho dos Incas em Cuzco, no Peru: estrada de 40 mil km. | Wikimedia Commons
Caminho dos Incas em Cuzco, no Peru: estrada de 40 mil km.| Foto: Wikimedia Commons

O Caminho Inca, uma rede viária de 40 mil quilômetros e mais de 500 anos de existência, é uma proeza de engenharia que, como Machu Picchu, sobreviveu a terremotos e fortes chuvas melhor do que algumas construções mais modernas.

800 MIL PEÇAS

Fazem parte do acervo do Instituto Smithsonian. Pelo menos 200 mil delas são latino-americanas e 400 pertencem ao período inca, e serão devolvidas sob a política de “repatriar” todas as peças que tenham um especial significado para o país de origem. O Museu Nacional do Indígena Americano abriu suas portas em 2004 após uma preparação de 15 anos.

A grande façanha do sistema viário inca, construído sem rodas, ferramentas de ferro ou animais de tração, é o tema da primeira exposição bilíngue do Museu Nacional do Indígena Americano da Instituição Smithsonian, em Washington, nos Estados Unidos.

A exposição “O grande Caminho Inca, construindo um império”, poderá ser vista gratuitamente a partir do dia 26 de junho até 1º de junho de 2018 na capital americana, e depois viajará aos seis países sul-americanos que herdaram o sistema viário: Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina.

“Esse é nosso compromisso, que seja uma exposição itinerante”, disse o curador da mostra, o peruano e quíchua Ramiro Matos. “Esta é a primeira grande exibição sobre o Caminho Inca, houve muitíssimas sobre cultura, tecidos ou cerâmica, mas esta é a primeira dedicada ao sistema viário.”

Na mostra estarão expostos 140 objetos, um mapa completo e atualizado da via e a primeira maquete virtual da cidade inca de Cuzco. Partindo de Cuzco, a capital do Império Inca, o Caminho (”Qhapaq Ñan”, em quíchua) permitia percorrer as quatro regiões (”suyu”) do território (“Tahuantinsuyo”) e ainda hoje cerca de 500 comunidades quíchuas e aimaras continuam a usar 12% deste sistema viário.

O Qhapaq Ñan, declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2014, foi a construção de maior envergadura do continente nos tempos do apogeu inca e ferramenta chave para a expansão do império.

“Os incas não fizeram tudo. Mil anos antes de Cristo, os chavín já estavam construindo seus caminhos para unir uns templos com os outros. Os incas recolheram, com muito talento, a experiência destes povos anteriores”, comentou Matos.

O Caminho Inca passa através de altitudes de mais de 4.876 metros sobre o nível do mar e percorre planícies, selvas, desertos, vales e montanhas. “É fundamental entender o manejo da água pelos incas. Conseguiram um milagre de grandes construções como Machu Picchu terem sobrevivido a fortes chuvas”, disse o curador da exposição, o cubano José Barreiro.

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